domingo, 8 de agosto de 2010

A MÚSICA QUE SAI DO LIXO

Estive recentemente na pequena cidade de Taipu-RN, onde passei um manhã inteira com os jovens do Batucada de Percussão Alternativa. A iniciativa tem apoio da prefeitura local e funciona na casa da família, soube que pagam em dia o instrutor e este retira do lixo o seu material de trabalho. O grupo de jovens percussionistas já tem no currículo alguns prêmios e realizará em novembro l° Encontro de Batuqueiros da cidade. Além de aprenderem os principais ritmos brasileiros como o zambê genuinamente potiguar. Os mais de 30 jovens do projeto cantam e recitam poemas de Antonio Francisco e textos que este poeta varzeano escreveu para o espetáculo Coivarins. Fico imensamente agradecido pela senssibilidade do mestre Dudu Campos, mentor do projeto por esse convite. Acredito que nem tudo está perdido, o que falta mesmo é o olhar de carinho e um pouco de liberdade para que a criatividade aflore sem mãos atadas. É bonito de ver essa meninada tocando com maestria os seus instrumentos de material reciclado, de baldes, maracas com latinhas de refrigerantes, pedaços de zinco e uma gama de catrevagens sonoras. Não sabemos se serão músicos de verdade, mas com certeza a maioria enxergará o mundo mais colorido. Sinto falta disso em minha cidade, aqui existe uma infinidade de instrumentos musicais de verdade, percussivos, harmônicos e melódicos guardados como peça de museu. O que o povo escuta nos recantos da praça é pouco de mais para a quantidade de talentos adormecidos. Nossa alma precisa pular do coração e gritar com força. A bandeira estará sempre erguida. Dou um alertazinho: Querer ser a terra de Núbia Lafayette não ajuda em nada nesse processo de construção cidadã, na prática o que existe de fato é quase nada. Conteúdo, exemplo, prática e disciplina foi o que vi num simples projeto de batuque e que a prefeitura local disponhe apenas de um professor preparado no que faz, o resto é material de refugo transformado em arte. Tá na hora de fazerem o discurso realidade, chega de contos de fada e de falsetes na tribuna. Sigo com o olhar cada vez mais senssível no vê do mundo e na aldeia onde nasci. Agradeço aos meninos de Taipu por me fazer voltarem os sonhos da primeira banda de lata.
Zelito Coringa


Um comentário:

cidinha disse...

obrigad por sua visita .adorei conhecer vc .volte sempre me descupe por qualquer coisa .....sua visita nos deixou muito feliz.um grade abraço meu e em nome de tds da batucada.. fique com deus......