quarta-feira, 8 de setembro de 2010

UMA LIÇÃO FORA DO TEMPO

O buraco é mais embaixo na escuridão de ouro do minério petrolífero. Tem gente no oco dele que escuta o batuque das patas do cavalinho, xoteando faminto com a cara de ferro enterrada no leito escuro. O universo permite o encontro dos diversos no mesmo reduto profundo. Beber uma chamada de verso sem ficar bêbado de tédio não custa nada. Neste vale com resquícios de poesia morta pergunto se vale viver amando- te? O baixio poético não deveria ser o grande alto arauto? A cidadania dos ribeirinhos na garganta do poço como se divide? O auto da busca promissora, une, une, une e dê é toré da tribo maculelê. Dança de cartas marcadas no pif paf jogado na boca do rico pote.
O manhoso que lambe os beiços já foi moço, beijou a face do povo na aurora varzeanista.
Agora vem outro moço, moço, mocinho, moço; Ora moçozinho cavaleiro!
Don Roan, Peter Pan, Hobin Hood, herói no pé do caroço.
Vale dizer que sou filho natural das Quandus rodado nos entroncamentos da arte.
- E pia só meu povo aqui o futuro é feito de longínquas viagens.
O novo na casca da ova quebra a cabeça do ovo no pé da alcova.
Morde-nos outrora e mostra a cura. Ò cobra que serpenteia a poética minha,
Salva-nos agora antes que tudo vire ninho de assentamento sem marco.
Assenta-nos com garantida cidadania à vila nova e mutambinha.
Comovo-me vendo. Verdes as mãos sobre a palmatória em plena lição fora do tempo.

Zelito Coringa

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