quinta-feira, 2 de setembro de 2010

O SONHO PARTIDO - Parte Dois


O pulsante momento político reflete guardadas as devidas proporções um retrocesso na história política do nosso município. Resta-nos esperar o salvador prometido, nascido do ventre de nossa terra ou quem sabe enxergar o sinal de uma estrela cadente por mais uns vinte anos de luta? Não sou cientista desta procela, vidente, profeta ou coisa do tipo, mas como votante e cidadão filho do chão usarei o direito de expressar-me e dizer livremente o que penso. O desanimador disso tudo é como diz meu pai em sua brutal descrença: Ah Corisco! – Espero que possa surgir uma alternativa, fagulha de esperança, projeção de futuro. Desdizer o bendito, mudar de credo facilmente não faz parte da índole de quem tem um propósito firme e não age apenas por conveniência. Se voltarmos à manivela do filme com certeza não será fácil entender o roteiro deste melodrama, não será por falta de talento dos artistas principais, será por excesso de ações em cena, muita ficção, desatenção com os figurantes e desdém com a ala coadjuvante que gosta de produzir na timidez do anonimato. Mudar é um direito de cada um. A indiferença com o outro é que gera conflito. A casa poderia ser a mesma, a rua, o voto e o aperto de mão se o procedimento fosse da verdadeira amizade. A conclusão é o fato já consumado e nivelado ao nível tantas vezes rebatido com veemência. Antes da chegada hora já se fala em polarização das eleições municipais, esse monstrengo que acende a mesma lamparina, o positivo e o negativo no mesmo palanque, coligação da mesma força geradora, bocal de apagar e acender de quatro em quatro ano a mesma noite escura de natal. Precisamos de um fio terra que interrompa esse processo vicioso, que dê um curto circuito, coisa que por hora duvido muito. É uma piada vê determinados representantes da nossa juventude dirigindo a palavra e engrossando mais ainda o pancadão dos finais de semana ao som de uma trilha sonora que não conduz a formação consciente, nem figura bons exemplos. É sofrível o ponto em que chegamos. Eloqüência do ridículo na busca desenfreada de abocanhar o voto dos desatentos. Será que é verdadeira a idéia que em terra de cego quem tem um olho é rei? Se for precisamos cada vez mais estimular a nossa terceira visão para não afundarmos no abismo da falta de opção. O olho da sensibilidade vivo entre as palmas das carnaubeiras deve enxergar a imagem presente e apontar um dia novo. Está feio demais o conto contado e nenhum futuro a vista garante a bela vista do sonho sonhado. O que será de ti meus carnaubais de agora em diante? O que será que será? – Avante, avante tropeiros do além, avante!
 
Zelito Coringa - Textos Avulsos

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