domingo, 5 de setembro de 2010

LAVANDO A CARA COM SABONETE DE CARNAÚBA


Depois de percorrer o nordeste levando nome de minha cidade Carnaubais e região, sigo pelo interior do Estado cantando as canções, firmando parcerias e reencontrando velhos amigos. Mais um vez a convite do Pessoal do Tarará e com apoio exclusivo do BNB e BNDS passaremos por 05 cidades da região oeste, todas as margens da BR 405. Nos últimos dias estivemos em Felipe Guerra e estou maravilhado com o que encontrei na cidade; um verdadeiro projeto de inclusão social através da arte que atende 366 crianças e jovens, com sede própria construída com recursos do FIA/CONDICA, sala de música climatizada, aula de teatro, quinteto de metais, aula de dança, banda de forró, estúdio de gravação, auditório, produção de mel, aula de safona, aula de violão, produção de cosméticos e por fim sabonete de carnaúba. Precisei comprar um para lavar a cara de vergonha. É isso mesmo Carnaubais capital das palmeiras, é isso aí "Cuandu". E isso aí amigos reais! Não adianta investimentos se a coisa continua no rumo da venta e das indicações de pessoas que não se identificam com a causa. O projeto Abelhar é uma coisa espetacular, sem dúvida um referencial para todos nós que sonhamos com um mundo mais humano. Parabenizo ao amigo Ducivan (Ator, Coordenador, sonhador e Feliz) pelo exemplo de vida e dedicação constante a juventude de sua cidade, como ele mesmo diz: Fiquei com inveja boa. Jamais imaginaria que aqui bem perto pudesse encontrar respostas para certas inquietações e gente firme que impõe disciplina sem perder de vista a humanização, a educação e o ensinamento da cidadania por meio da cultura. Preciso dizer que esse exemplo de trabalho com crianças e adolescentes deveria ser servido de modelo para outras cidades, depois de ter vivenciado, com os jovens do Núcleo da Criança e Adolescente das antigas pedras de abelha, chego a conclusão que é preciso dá um pouco mais do meu trabalho ao chão que nasci, nem que seja a meia dúzia de jovens. Sabemos que alguns municípios perderam os recursos da Petrobrás e o projeto Cuandu um dos primeiros a ser criado em Carnaubais está entre o que receberam a noticia do corte. Logo me remeto aos discursos de pompas e a oratória pedante dos cantantes da causa mor. Já houve investimentos consideráveis da Petrobrás, do Banco Real, dos violinos que não tocam, da Marcial da Princesa que não batuca e hoje a sinfônica do PDS que o município acaba de conseguir depois de ter sido vetado o projeto em 2006. O referencial de cultura ainda não foi construído na cidade, nem por quem já havia passado e não fez nada, por quem passou e agora passa novamente. Conselhos de direito e tutelares devem ser autônomos e os jovens devem ser tornar protagonizadores das ações. Felipe Guerra é exemplo disso. O monitor de violão foi aluno do projeto e cursa a faculdade de direito, outro chegou de uma favela da Bahia e estuda para o IFRN, outro coordena a secretaria, na hora do lanche cada criança lava o seu prato e guarda no canto certo da cozinha, as aulas de música são digitalizas e acontece numa sala com ar condicionado, os alunos de música que completaram a idade de sair do projeto fazem parte de uma banda de forró e do quinteto de metias que toca MPB. As pessoas na rua reconhecem os adolescentes como meninos do Projeto Abelhar e é desse refencial que falo, que não existe em minha cidade. Os gestores desatentos quando enxergam um pouquinho a cultura é com a visão utilitária de ocupar apenas o tempo dos jovens, não pensam a longo prazo e acomodam pessoas despreparadas para lidar com a base da construção cidadã. As empresas que investem nessas ações querem promover a responsabilidade social e o Marketing Cultural, coisa que todo mundo sabe. Alguns municípios nem disso se utiliza culturalmente, cumprem apenas o basiquinho sem muita ousadia, enquanto grande parte da juventude dança e tomba em pedras de Crack, projetos nascem e morrem com muita naturalidade como se fossem mandacaru em cima de torrão seco, a emoção, o lúdico, o encantado, o sentimento de amor e companheirismo não é atiçado como deveria. Criar e manter projetos que cuidem melhor das crianças e jovens, que ofereçam verdadeiras alternativas de lazer, arte e profissionalismo deve ser tônica de um futuro mais responsável. Quem quiser que ache ruim o que digo, que torça o nariz, não vou parar de dizer o que desejo, pensando apenas no bem de todos nós. Carnaubais precisa acordar do pesadelo e recomeçar o sonho perdido, vale rezar uma oração antes de cair no sono outra vez.

Zelito Coringa - (Vivências com os Jovens do Projeto Abelhar)

Nenhum comentário: