sexta-feira, 28 de maio de 2010
“Um país que não lê”
"O Brasil é um país em que poucos têm acesso a livros e, por isso, poucos leem. Essa verdade, que já era conhecida dos brasileiros, agora foi confirmada pelo 1º Censo Nacional das Bibliotecas Públicas Municipais, feito pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) para o Ministério da Cultura (Minc), em 4.905 cidades de todas as regiões.
Os números são desanimadores. Em pelo menos 420 municípios, a população não conta com nenhuma biblioteca pública. E nem o crescimento significativo dos investimentos feitos pelo governo federal, que aumentaram 1.500% de 2003 a 2009, de R$ 6 milhões para R$95 milhões, mudou a situação negativa.
A principal razão apontada é a falta de estrutura nos municípios, além da necessidade de cumprir muitas exigências burocráticas.
Mas é claro que por trás do problema há uma questão muito mais ampla, que tem raízes culturais, econômicas e políticas, e é antiga na história do Brasil.
A educação pública, em muitos municípios, ainda é encarada por administradores mais como despesa do que processo de crescimento social. Tanto que foi necessário definir na Constituição o percentual mínimo do orçamento que deve ser investido no setor.
À questão de custo se associa a falta de tradição de leitura dos brasileiros.
Por isso, é preciso que, além de liberar verbas, o governo desenvolva projetos de distribuição de livros e incentivo à leitura. E que eles não se restrinjam a bibliotecas. É preciso criar o hábito da leitura desde os primeiros anos na escola, com aulas específicas, profissionais preparados e acervo adequado.
O país não pode cair na armadilha de limitar o processo educacional à transmissão de conhecimentos básicos. A educação precisa ser transformadora e formadora de cidadãos com a melhor bagagem cultural possível. “Afinal, como ensinou Monteiro Lobato, um país se faz com homens e livros.”
FONTE: Editoril de Opinião do Jornal O Dia, publicado na edição do dia 23/05/2010:
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