quarta-feira, 19 de maio de 2010

SE AS MUDAS FALASSEM




Ao chegar em Caxias no Estado do Maranhão - Bateu-me uma grande alegria ao vê logo na estrada da cidade uma imensa fileira de palmeiras todas na mesma altura.
Naquele instante um insight de memória afetiva desalinhou meu juízo. Cidade cuidadosamente arborizada e por coincidência com a mesma planta típica que temos aqui em abundância, pensei que estivesse chegando à Capital dos Carnaubais, mas era mentira do meu pensamento viajante. Pus os pés no chão naquele chão maranhense e escrevi num pedaço de guardanapo isto: Carnaúba, cuandu, quandu, Carnaubeira, símbolo da maior resistência dos aluviões varzeanos, tronco de proteção das ribanceiras, da prosperidade e de palmas que além de produzirem o sustento temporário de muitos bêradeiros apontam a direção do céu na sua palma de cera riquíssima e do mais profundo olho. Quem sabe em pedido de socorro pela devastação ilegal e outros absurdos visíveis, chore sem dizer a dor sentida. Como sujeito encabrestado de poesia dou meu testemunho de fé e coragem em expor esse sentimento verdadeiro, empresto a voz com firmeza a esta causa justíssima, sem a medida da métrica.
Parabenizo quem tomou à iniciativa de plantar as mudas, de firmar o que ainda nos resta como atrativo paisagístico expondo-as em plena via pública. Sabemos que algumas dessas teimosas mudinhas se encontram firmes querendo expandir sua raiz no solo asfaltico e entregue a própria sorte. Qualquer cidadão revestido de bom senso sabe que, não ouve seleção adequada, retirada e plantio dessas inocentes mudas feitas ao acaso de brotar a vida com vivacidade. Portanto, por serem mudas de verdade, quero aqui falar por elas como mero ambientalista. Arborizar não é isso não. Percebe-se amadorismo ao lidar com os brotos, falta de planejamento e resultado exposto aos visitantes atentos como um jardim sem começo, meio e fim. Desejo vislumbrar ao chegar a minha cidade e ao sair para tocar a vida, igualdade e harmônia, deixando para trás e vendo lá na frente a mais bela fotografia. Se as mudas falassem diriam exatamente o que sentem, o que sinto e que não mudo, falo.

Zelito Coringa

Nenhum comentário: