sábado, 9 de outubro de 2010

O QUE SOBROU DO SOBRADO

O tempo nos prega peças irreparáveis e uma delas foi à demolição dos resquícios mais sólidos da nossa história, o sobrado de Abel Alberto da Fonseca localizado na antiga vila dos carnaubais, cidade velha, cidade histórica como queiram, sumiu do mapa e o valor mais intrínseco da nossa existência como filhos do poço da lavagem morreu completamente. Até o momento não consigo entender tamanha ação de sumiço.
Afinal para que serve a criação de uma lei de tombamento municipal? Simplesmente para fazer alarde de que a cultura deve ser preservada? Entre o romantismo saudosista encontram-se as pedras erguidas, o jurídico, o particular e até a falta de dono do achado historicamente encontrado. Por se tratar de uma área sensível, continuo dizendo que para lidar com a cultura é preciso cautela, sensibilidade, habilidade e esclarecimento constante. Fazer enxame político é uma coisa, tratar do sentimento de cada um é outra seara diferente, liderar é intermediar conflitos, quando tratamos de patrimônio histórico corremos esse risco de não sermos entendidos. Espero que o altar da santa seja cada vez mais iluminado, nos acenda a luz da concórdia e ilumine todo o povo de Deus. Está na hora de cuidarmos como mais responsabilidade e firmeza do que ainda nos resta, não haverá culpados para este fato adormecido. Não tenho elementos para fazer qualquer tipo de julgamento, não é esse o caso, muito mesmo tenho autoridade para isto, tenho apenas um vazio imenso no peito e a certeza que haveria uma solução de bom grado para todos. Agora é muito tarde para juntar o que sobrou do sobrado.

Zelito Coringa

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