segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Eleição brasileira ganha destaque na imprensa internacional

O resultado da eleição presidencial no Brasil teve repercussão nos principais veículos de comunicação da imprensa internacional. No exterior, os jornais destacaram o escândalo de aparelhamento do estado na Casa Civil, a falta de carisma de Dilma Rousseff (PT) e a ascensão de Marina Silva (PV) como as principais razões que levaram a disputa para o segundo turno.
O jornal americano The New York Times salienta que a candidata do governo vem “surfando na onda de prosperidade econômica e otimismo” que toma conta do país sob o governo Lula. Analistas ouvidos pelo jornal acreditam que Dilma deve vencer no segundo turno, embora a petista sofra com a falta de experiência política e de carisma.
“Alguns analistas e investidores estrangeiros expressaram sua preocupação com o passado esquerdista de Dilma e com a possibilidade de que ela possa dar uma guinada econômica à esquerda, aumentando o poder do estado sobre a economia”, lembra o jornal. O NYT afirma ainda que o fato de a eleição não ter sido decidida no primeiro turno se deve à “presença forte” da candidata Marina Silva, que teve mais de 19% dos votos.
O britânico The Guardian credita ao crescimento de Marina Silva na última hora o segundo turno da disputa presidencial. “A candidata apoiada por Luiz Inácio Lula da Silva falhou, por pouco, sem sua tentativa de se tornar a primeira mulher na Presidência brasileira”, afirma o jornal. De acordo com o periódico, Marina se transforma em uma potencial arma nesta segunda etapa.
“Em um discurso ao lado de seus aliados, Rousseff tentou disfarçar o rosto zangado, dizendo que o segundo round lhe daria ‘mais tempo’ para detalhar suas propostas”, diz o jornal. O Guardian também salienta que Dilma contou com a enorme popularidade do presidente Lula, mas que padece pela falta de carisma próprio. “Alguns eleitores ainda nem sabem como ela se chama, e referem-se a candidata como a ‘mulher do Lula”, lembra o jornal. Um eleitor no Rio de Janeiro chegou a dizer ao repórter do Guardian que votaria a candidata de Lula, a “Telma”.
Já o espanhol El País afirma que Dilma venceu, mas não levou porque não obteve a maioria dos votos. O periódico lembra que as pesquisas de intenção de voto no país apontavam a possibilidade de que a petista vencesse as eleições já no primeiro turno – mas afirma que o escândalo de lobby e tráfico de influência envolvendo a ex-ministra Erenice Guerra na Casa Civil complicou a situação de Dilma. “Com esse resultado, Serra salva, a duras penas, sua carreira política e Marina Silva se consolida como uma alternativa e também como um apoio importante para o segundo turno”, afirma o jornal.
O italiano La Reppublica classifica o resultado do pleito como uma “surpresa” e afirma que os escândalos de corrupção em que estiveram envolvidos membros do PT podem ter contribuído para que Dilma recebesse uma votação menor que a esperada. O jornal salienta, ainda, o posicionamento dúbio da candidata petista em relação ao aborto como motivo de confronto entre Dilma e membros de comunidades religiosas.
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