quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

A CRISE PASSAGEIRA E O FAZIMENTO DO FUTURO

Vivemos um momento de pura reflexão tribalista apesar do individualismo que se encaminha com a bendita modernidade. O município de Carnaubais maior reserva de carnaubeira da América Latina no coração do Rio Grande do Norte ainda não descobriu a sua verdadeira vocação sustentável, e isso é fato. Trançar os olhos da palha seria a solução? Penso que sim. Fechar os olhos da cara e sobreviver como as mudas acanhadas no cartão postal da entrada da cidade? Penso, repenso e não acho nenhuma explicação para tamanha disparidade e retrocesso. Não pretendo ser analista profissional das questões corriqueiras da política local, não transito na miudeza assuntiva do leva e trás enfadonho das esquinas, no entanto careço expor este ponto de vista a cerca do momento crítico atual. Chamo de fazimento do futuro o efeito do presente que nos acende as lembranças do longo, médio e curto passado. Encontramos os velhos protagonistas na mesma encenação teatral, irmanados na mera concórdia previsível, da busca do pau mais sombroso e dos holofotes prefeitáveis. O chafurdo é tão bem feito que o vento dá mil voltas lá na boca do estreito onde nasce a famosa várzea e volta pedindo socorro aos Santos do Rosário teimoso. Assopram nos ouvidos do povo com garantias impossíveis de serem empregadas, literalmente. Vejo que as palmas entristecidas e perdidas de fé choram lamentando o bafejo da brisa oceânica que outrora benzia com a sua maresia a nossa juventude. Hoje não há discurso que desfaça o mal feito mudar de figura, deixamos nosso maior distrito virar cidade, corremos o risco de outros entroncamentos serem também emancipados. Passando a vista nas aquisições correligionárias atesto a confusa particularidade que lentamente tem exterminado aquela firme identidade progressista. Foi-se o tempo das mentiras e do esquecimento? Acredito que não. Subestimar a paciência dos esperançosos rudes ou dos temerosos inteligentes continua sendo perigoso demais. Não há emenda de corda do bloco da corda que faça chegar ao fundo do poço o balde da sorte e voltar cheio do líquido precioso? Creio que sim, há muito chão de chão pela frente, resta saber quem pisará o caminho diferente. Os nós começam a serem desatados naturalmente, dizer aonde chegará essa romaria de gente tresloucada pelo poder pode acabar de vez o que nos resta de otimismo. Precisamos de um novo ponto de partida onde a alegria e a firmeza de propósito predomine. A falta de tributos é o bordão da hora dito de forma tão melindrosa que as palavras arrumadinhas na tela da desculpa faz a crise parecer um bicho papão, que dorme na porta da prefeitura espantando as pessoas encurraladas pelo medo da sobrevivência. Se dissermos que a crise é falta de organização gerencial saberemos que ela sempre existiu por aqui, continuar existindo com alarde faz parte de algo muito mais estratégico, remediar parece ser a meta alcançada de quem faz o presente. O curso desse conto de fadas é um misto de chafurdo destilado na bacia fisiológica que o trato das circunstâncias apagou o que tínhamos de referencia. Até o momento não figura novidade de um amadurecido projeto de desenvolvimento que não esteja preso as nebulosas do passado. O interesse da coletividade verdadeiramente deveria ser levada em conta, sem amarras partidárias e a acolhida de novas ideias, novos olhares, novos saberes praticados com total entusiasmo pelo desejo da felicidade do outro, do bem estar do outro, da alegria do outro, da prosperidade do outro. Vejo que esse desejo não condiz com a nossa realidade, é metalinguagem poética apenas, vontade em vão, loucura de quem acredita na beleza do humanismo, na amizade sincera, no simples ato das mãos entrelaçadas pelo bem do ambiente em que vivemos. Aos poucos se perdeu a ideologia, o prazer da dialética, um pouco da ética, a direção da esquerda, a roda da direita, o significado da luta e a luta que era feita com veemência. O caminho se fez reviravolta e a rodilha continua dando giro na cabeça de quem fica com o balaio nas costas, a fatídica escassez de recursos e a gemedeira da população insaciável por um pedaço do bolo é o preço que se paga com justeza. A sabedoria popular, a filosofia, a música, a física quântica, a dramaturgia, a religião e a poesia juntas versam sobre atitudes tomadas nos desalinhos do nosso cotidiano, nos corredores do poder principalmente. Ser ou não ser, melhor é ser de todo jeito. Aos discípulos de Maquiavel que interpretam a sua maneira de vê e fazer o futuro acontecer sem levar em conta a essencial energia que move o universo, é fácil dizer que Deus é maior do que se pensa. Há uma infinidade de frases celebres para ditarmos e enxergarmos este instante como sendo mais um valioso aprendizado. Enfim, recorro-me a máxima sabedoria popular com suas tiradas satíricas assertivas. "Pior, pior é a cantiga da perua..."

Zelito Coringa - Crônicas do Blog

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