domingo, 27 de junho de 2010
A PISADINHA É ESSA, UMA DANÇINHA POR MINUTO.
O amadorismo na feitura da arte e democratização da cultura é tão nocivo quanto às vertentes do banalismo. Este seguimento necessita mais do que qualquer outro do setor público de pessoal capacitado. Há muitas ações do governo federal neste sentido, enquanto isso na maioria dos municípios brasileiros o negócio continua seguindo o rumo das intuições dos mais criativos. Lidar com o imaginário, com emoção e chafurdar na obra de qualquer artista, ser o próprio artista e criar a própria obra carece de muito cuidado. Absurdos são cometidos de forma desproporcional diariamente, aplausos são dados pelas mãos do povo da mesma maneira que aplaudem os Rebolixos, desatenciosamente aplaudem também por falta de senso crítico ou proficuidade, tudo que é mal feito. Sabemos que muita coisa começa de dentro da própria escola, quando não se tem uma orientação criteriosa de alguém realmente habilitado ou até mesmo um agente da cultura trabalhando de mãos dadas com pais e professores. Deveria existir uma escola de arte em cada esquina na mesma proporção que se encontra uma pedra de crack. Isso talvez seja um sonho de algum poeta louco querendo o bem da juventude. Aqui em Carnaubais no Estado do Rio grande do norte já foi criada a secretaria de cultura – literalmente desmembrada de sua raiz, sem orçamento próprio e com o pires na mão sobrevive à mercê da legião da boa vontade dos mais sensíveis. Desgarrada do seio das verbas e verbos da educação vai perdendo também a liga do elo – do anel que une os dois seguimentos em favor do avanço cultural da cidade. A pisadinha é essa, uma dançinha por minuto. Basta existir uma data comemorativa, homenagem, semana disso ou daquilo, festa de alguma autoridade ou coisa do tipo. – Lá se vão às crianças, os jovens para os recantos fazerem os seus papéis, sejam nas dramatizações ou nas insinuantes coreografias. O respeito ao fazer artístico é obrigação de todos, principalmente as escolas devem ser um espaço formador de platéia contínua, sem aderir jamais a qualquer modismo. Vamos lembrar que artes cênicas é puramente teatro, dança é dança, dançinha é dançinha.
Estamos vivenciando o período dos festejos juninos, momento propício para usar sem limites a criatividade e contagiar com satisfação as comunidades, mostrando as nossas tradições, mas o ideal mesmo é que a fusão do matuto com o contemporâneo seja feita dentro de princípios e conceitos, sem perder de vista a alegria e que seja abolido os caprichosos exageros. É preciso cuidar melhor dos textos sem cair no moralismo, escolher com mais atenção o repertório, os passos, as personagens, e não confundir o sorriso de graça com a inconteste beleza da cara pintada da cigana Beleza de Rosa.
Zelito Coringa
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2 comentários:
Oi, Josélia
vim conhecer teu blog e gostei muito de tudo. É muito bom conhecer pessoas que se preocupam com a educação em nosso país.
Abraço
Olá professora Joselita, estou passando para retribuir o privilérgio em tê-la como seguidora do meu Blog e expressar meu carinho, e, agora, que conheço o conteúdo do seu, admiração. Seu Blog é muito rico e tem uma proposta pedagogica interessante.
Também tenho interesse na educação, nesse semestre, estou me formando em Letras na UFRN (Voce também é do RN, né? O link do seu perfil não está disponivel), antes confesso que não ambicionava lecionar, talvez até o faria de acordo com as oportunidades, mas depois do meu estágio, pude perceber o quanto é gratificante ser um "construtor de saberes", acho que o que pode mudar realmente este país é a educação e me engajo em sua luta pela qualidade dela.
Sobre o Recortes, posso dizer que é um espaço multitematico aberto a qualquer pessoa independente de qualquer coisa, onde conversamos sobre espiritualidade, sociedade, fé, família, amigos, artes (principalmente literatura e cinema, que eu adoro) e tudo que for interessante no cotidiano, costumo de dizer que os textos podem ser tão subjetivos quanto universais, de facil assimilação.
Um forte abraço e mais uma vez, expresso minha gratidão.
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