sábado, 5 de junho de 2010

PÁSSARO FERIDO





Deixe-me colher o fruto que pende

Dessa tua copa frondosa e bela;

Deixe-me ser a chama da vela

Que no fundo do teu peito te acende

Para as coisas que pareciam mortas,

Para um sentimento desguarnecido

Que outrora foi um pássaro ferido,

Mas que num sopro de vida confortas

E tira já a flecha envenenada

De sua dorida asa emplumada

Num gesto de puro embevecimento.

E se esse pássaro ainda não voa,

Não é por nada, é por coisa à toa;

Apenas repousa nesse vão momento.

Frederico Salvo.

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