quinta-feira, 31 de dezembro de 2009
DEZ ANOS DE ESTRADA, CANÇÃO E POESIA
Estive presente desde que me entendi de gente e artista, nos manifestos e ações em prol do viver artístico, sem deixar de falar do utópico sonho das mudanças.
Lá também estive tocando gratuitamente o meu violão e soltando planfletinhos mimeografados, de modo que a empolgação e o desejo de transformações urgentes eram latentes em meu coração de poeta. Muita coisa e pouca coisa mudou de lá para cá, principalmente em relação ao trato com as questões ligadas a cultura, relegadas a segundo plano ou planos nenhum. A idéia de que a arte liberta, torna o cidadão livre pode ser perigoso aos comandantes da massa desatenta, que continuam usando este expediente para institucionalizar ou deixarem ao mero descaso a nossa cultura.
O artista é obrigado a estampar a cor do partido na testa para ser reconhecido no meio deles, o AI-5 disfarçadamente ainda existe e trezentas vezes mais nocivo do que nos tempos da ditadura. A prova disto é a desenfreada propagação do banalismo na mídia em geral, maior do que o incentivo a educação, do que conhecimento das tradições, do ensinamento dos valores humanos, da ética, do respeito ao próximo e a cultura no seu sentido mais puro. No entanto, de nada valerá sairmos do terceiro para o primeiro mundo se isso não for pesado e medido. Entendo que a mudança só é mudança se acontecer primeiro em nós, o sonho não pode parar e a vida deve se tornar madura sem o ranço da agressividade egoística. Pontuei essas palavras simplesmente para me situar no tempo e no espaço – Carnaubais perde o projeto Cuandu e não podemos calcular o tamanho da lacuna, mas, vamos adiante que que o buraco é mais embaixo. A favela da baixinha em Mossoró vai fazer existir o - Berço das Artes, o Nós do Morro no morro na favela do Vidigal continuará sendo um projeto de referência nacional, a Bendita Companhia do qual faço parte aposta numa arte com todos e para todos, e em todas essas ações transita gente compromissada com esta causa. A cultura que o poder produz é a do faz de conta e sem compromisso, a verdade maior é não existir orçamento, a não ser para produzir a festa banal e festejar com foguetões a mesma ciranda. Nós artistas somos gratos as empresas e instituições que apostam nas artes, a Petrobrás é uma delas, Banco do Nordeste, Banco Itaú, Caixa Econômica, Banco do Brasil, Sesc e Sesi, Bnds e tantas outras que através das leis de incentivo depositam fé e acreditam que este seguimento deve continuar vivo. Durante este percurso estradeiro de cidadão e cantador acumulei um pouco de experiência, vivência e parceria com artistas de várias regiões do país, prêmios, participação em festivais, novas idéias, textos teatrais, canções, poemas, cordéis, criação de instrumentos musicais e afinações alternativas, tocado gaita, rabeca, parachoque de fusca e viola. O bom é ter embarcado nesse trem segurando na mão de muita gente de bem. Desse balaio de coisas se resume ao fazer artístico constante que dá sentido a minha existência. 2010 é ano de comemorar 10 anos de carreira musical independente, desejo compartilhar esse novo começo com os parceiros, familiares, admiradores, amigos e carnaubaenses queridos. Agradeço as palavras de apoio, incentivo, críticas e a acolhida. Feliz Ano Novo, boa sorte, paz, saúde e harmonia.
Gratidão e felicidades para todos. Em breve estaremos juntos novamente.
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