Vovô sempre nós contava
História de assombração
Folclore, Troncoso, e lendas
A saga de lampião
Um pouco de cada coisa
Das entranhas do sertão
E assim todos os dias
Reunidos na calçada
Contava pra todo mundo
História mal assombrada
De cada cidade tinha
Uma história bem contada
Contava tudo que via
No nordeste brasileiro
Histórias arrepiantes
Na sombra de um juazeiro
Sobre cantos de sereias
Em dias de nevoeiro
E numa dessa conversas
Sob o brilho do luar
Vô contou um belo conto
Bonito,espetacular
Uma bela narrativa
Do meu sertão potiguar
No município de Lajes
Existe uma grande serra
Bela como a luz do dia
Imponente sobre a terra
Onde o tempo e o mistério
Convivem em pé de guerra
Vô conta que essa serra
É bonita por inteiro
É chamada pelo povo
De serra do feiticeiro
Uma lenda conhecida
Neste conto brasileiro
A lenda diz que a serra
Lá na colonização
Foi refugio de um índio
Que fugiu pelo sertão
Com medo do extermínio
Daquela população
Esse índio solitário
Era um xamã (curador)
Descendente dos tapuias
Um povo desbravador
Que conviveu com os colonos
Sem ter medo e sem temor
Como todo índio ele
Sabia de alquimia
Rituais, incensos, porções
O mistério da magia
Sua fama se espalhou
Pelas curas que fazia
O velho índio sabia
Como curar animais
Mas a serra só ficou
Conhecida por demais
Quando a cura era feita
Em nos humanos mortais
E assim ficou a serra
Bonita, serena, e bela
De feiticeiro só tem
O nome que é posto nela
Onde foi num foi revive
Como chamas de uma vela
Por isso vou reviver
Um fato que sucedeu
Na serra do feiticeiro
Foi por lá que aconteceu
Uma pequena criança
De sua mãe se perdeu
O seu nome era José
Sobrenome Alexandrino
Com apenas cinco anos
Apesar de ser menino
Ajudava sua mãe
Pastoreando caprino
Quando ia entardecendo
A tragédia aconteceu
O pobre Alexandrino
Lá na serra se perdeu
E a mãe desesperada
Procurava o filho seu
Após três dias de buscas
O corpo foi encontrado
Na região lá da serra
Sob uma pedra deitado
E o menino José
Podia ser sepultado
E assim religiosos
Fizeram uma capela
Onde o menino morreu
E rezaram sobre ela
De divina santa cruz
Botaram seu nome nela
E a cada três de maio
Eles saem em procissão
Os fieis em romaria
Em busca de oração
Trazem fé e esperança
Dentro do seu coração
E aqui termina a história
Que vovô tirou da mente
Sobre o índio e sobre a serra
Sobre a criança inocente
Sobre a memória guardada
No peito daquela gente.
ALDINETE SALES - HISTÓRIA/UERN
CARNAUBAIS/RN
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