terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Um capítulo novo na História do Brasil

GERALDO LUCAS EVANGELISTA,

Gilberto Freire de Melo

Quando Pe. João Penha chegou a Macau, pelo início da década de 50, do século passado, deu início à uma maratona de humanização dos seus fiéis, até então entregues a uma pregação religiosa milenar, endereçada ao homem das cavernas. Encontrou a população ativa de Macau ameaçada pela mecanização das salinas e a juventude entregue a ninguém, convivendo com um sistema de ensino que acabava no curso primário, o que não era diferente com o Vale do Açu, exceção feita à cidade pólo, que já contava com o Colégio “Nsa. Sra. das Vitórias”.

Começou despertando as lideranças sindicais, fortalecendo-as, e alertando a população para o problema de mecanização das salinas, um advento que chegou e cujos efeitos catastróficos ainda não foram superados. Criou o Grupo dos Escoteiros e partiu para um tipo de educação civilizatória, aliada ao curso ginasial que despertou na população um afoitismo até aí hibernado e animado pela única esperança de melhores dias quando chegasse ao Reino dos Céus.

A convocação dos habitantes, para o engajamento na olimpíada do conhecimento, despertou, especialmente nos jovens, o entusiasmo pelo movimento evolucionista e contagiou as paróquias vizinhas que se arrojaram na campanha prioritária da humanização, absorvendo as orientações evolutivas de D. Hélder Câmara, o príncipe religioso que fez balançar os alicerces milenares do Vaticano e cujos efeitos não se estenderam para além da sua morte.

Pondo em seus lugares cada liderança surgente, Pe. Penha entregou a Geraldo Lucas o Grupo de Escoteiros que se debruçou sobre uma plataforma educacional evolutiva, priorizando a humanização e anunciando mudanças que se podiam reivindicar com os esforços próprios e que exigiam o despertar de um marasmo eminentemente maléfico ao futuro e aos destinos da população.

Afastando-se eventualmente da chefia dos escoteiros, Geraldo Lucas enveredou pelas vocações sacerdotais e foi para o seminário religioso, embalado pelas ações paroquiais do Vale do Açu, onde frutificava a predominância da humanização sobre a evangelização, comandada por Pe. João Penha., em Macau, Pe. José Luiz, em Pendências e Pe. Américo Simonetti, em Açu, que, tendo como base sustentável os sábios ensinamentos de D. Hélder, privilegiavam a busca do pão sobre o domínio da fé.

Assim, já no Seminário Maior, Geraldo Lucas, desencantado com a pregação da Igreja Católica Secular que dava a Bíblia a quem implorava o pão de cada dia, renunciou sacerdócio e voltou a se engajar no enfrentamento dos problemas que afligiam a população de Macau e do Vale do Açu.

Empenhou-se no trabalho de Pe. Penha e, com a experiência adquirida, foi convocado pela comunidade de Pendências para montar a infra-estrutura do Ginásio “Monsenhor Honório”, cuja criação já engatinhava e que era a menina dos olhos de Pe. Zé Luiz. Foi aí, já casado com a Professora Maria do Socorro, que fica rememorando essas batalhas cujos méritos não foram ainda atribuídos ou identificados, que viu, em 1967, a criação do Ginásio de Pendências, de que participou com todo o seu potencial..

Posteriormente, encontramo-lo Professor de História em Natal, com a mesma coragem que demonstrava, dando asas a informações até então engavetadas nas salas de aula, cujos professores não tinham autorização para repassar aos estudantes. E Geraldo ou Geraldão como passou a ser chamado por colegas e por alunos, teve o topete de revelar que D. João VI assaltou o Banco do Brasil, que Bernardo Vieira de Melo, Domingos Jorge Velho, os irmãos José e Manoel de Moraes Navarro, aliados aos “Bandeirantes Paulistas”, não passaram de seqüestradores de escravos, assaltantes e saqueadores dos bens dos índios, assassinando-os e estuprando suas mulheres que, não sendo batizados, não tinham alma, o que eximia esses carrascos de qualquer pena por crime ou pecado, além de várias outras classificações criminosas que minimizariam os pecados dos atuais Fernandinhos-Beira-Mar e seus asseclas.

Foi esse o Geraldo Lucas que conhecemos e que, aliado aos seus contemporâneos, repetiremos este depoimento em qualquer instância ou tribunal.

Um comentário:

Anônimo disse...

Estimada Educadora e Conterrânea,

venho através de este deixar um forte abraço dedicado a toda sua familia e em especial para seu PAI.

A srª e seus irmãos honram nosso solo varzeano!

sinceramente SAUDE e PAZ!

Alan L. Tavares