quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

FÁTIMA XIMENES PESQUISADORA DA UFRN

Febre amarela é iminente

A tentativa do Governo de acalmar a população sobre o perigo de uma epidemia de febre amarela não tem surtido efeito. O crescente número de casos confirmados e de vítimas fatais, mesmo restritos às áreas consideradas de risco, têm preocupado os brasileiros e provocado uma verdadeira corrida aos postos de saúde para vacinação. O fato é que, segundo especialistas, a tranquilidade em relação à febre amarela deve existir, mas até certo ponto. Para a professora e pesquisadora Maria de Fátima Freire de Melo Ximenes, diretora do Centro de Biociências da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), onde existe áreas de mata atlântica existe risco.

Durante três anos, ela trabalhou na orientação de um projeto de pesquisa no Parque das Dunas, em Natal, sobre as espécies de mosquito existentes no local. Para surpresa da equipe, o Haemagogus leucocelaenus, mosquito responsável pela transmissão da febre amarela silvestre, foi encontrado na área, tendo seu pico de reprodução entre os meses de fevereiro e junho. Após recolher algumas amostras e realizar testes, o resultado deu negativo para o vírus da febre amarela. Mesmo assim, o alerta permanece, afinal se há o mosquito na região ele pode adquirir o vírus se tiver contato com uma pessoa contaminada.

A pesquisadora Maria de Fátima Ximenes alerta que as pessoas estão invadindo e adentrando as áreas de mata cada vez mais, o que pode ser perigoso. ‘‘Nós não temos encarado com seriedade a questão do desmatamento. O impacto da urbanização, da invasão das áreas naturais, traz o risco de contrair essas viroses e outras que nós ainda não conhecemos’’, observou. Porém a questão das construções não está sozinha, já que o turismo também é considerado um fator de risco. ‘‘O turismo é bom, mas pode ter um preço que é o risco de veiculação de alguns agentes que causam doenças, os patógenos, em nosso estado’’, disse.

De acordo com ela, os adeptos do ecoturismo podem ser a porta de entrada para doenças em lugares onde elas não são comuns e para evitar isso, um controle eficaz de vacinação é fundamental. De dezembro de 2007 até o momento, foram distribuídas mais de 5.600 doses de vacina contra febre amarela para 24 unidades federadas do país. Nesse mesmo período, foram aplicadas 1.022.837 e 1.148.151 doses de vacinas de febre amarela no Distrito Federal e Goiás, respectivamente. Em Natal, a procura aumentou notavelmente e, segundo a Secretaria de Estado da Saúde Pública (Sesap), o número de doses diárias aplicadas passou de 30 para 200 nos postos de saúde.

Os critérios para a distribuição de vacinas têm, rigorosamente, observado a ocorrência de casos humanos de febre amarela silvestre, de morte de macacos, de epizootias por febre amarela silvestre e os dados das coberturas vacinais, conforme os parâmetros nacionais e internacionais.

Diário de Natal 20/01/09

Nenhum comentário: