domingo, 3 de outubro de 2021

A Educação no Município de Carnaubais-RN: desafios e perspectivas.

Carnaubais é um município brasileiro do estado do Rio Grande do Norte localizado na microrregião do Vale do Açu. De acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), no ano 2010 sua população era estimada em 9.775 habitantes. Área territorial de 530 km².

Foi Antônio Pereira de Albuquerque o primeiro habitante de uma localidade, onde situava-se uma área com vista ampla, verde e bela, com muitas carnaubeiras ao redor e com boa terra para cultivar. Logo depois chegara Abel Alberto da Fonseca, que iniciou as primeiras construções, se tornando pioneiro na organização urbana da povoação que estava nascendo.

Através da participação de figuras dedicadas a comunidade o povoado começou a se desenvolver, e entre elas destacaram-se o Monsenhor Honório, primeiro vigário, a professora Adalgisa Emídia da Costa, a incentivadora cultural Celina Moura e Olavo Lacerda Montenegro, que lutou pela sua emancipação política.

Em 18 de setembro de 1963, através da Lei nº 2.927, Carnaubais desmembrou-se de Assú. Após onze anos de sua emancipação política enfrentou sua mais terrível batalha, a luta contra a fúria das águas. Em 1974, uma enchente destruiu a cidade e a população ficou desabrigada. Apesar do sofrimento o povo resistiu e com a participação dos Governos Federal, Estadual e Municipal, a cidade foi reconstruída em outro local. Estamos vivenciando as festividades alusivas ao aniversário da nossa querida terra dos verdes carnaubais.

A educação da rede municipal de Carnaubais-RN conta hoje com uma demanda de 1.552 alunos, distribuídos em 09 escolas, sendo 03 na zona urbana e as demais nas zonas rurais, atendendo alunos da educação infantil ao ensino fundamental anos iniciais e finais, compreendendo a EJA.  Temos 01 escola de ensino médio e 01 de ensino fundamental anos inicias e finais da rede estadual, recém reformada e localizada no centro da cidade que traz o nome da primeira professora e incentivadora cultural. O município desde o primeiro decreto de nº DECRETO Nº 29.524, DE 17 DE MARÇO DE 2020., SEEC/RN, começou seu grande desafio, as escolas foram fechadas e os serviços educacionais foram interrompidos, tendo ainda que enfrentar em 2020 anulação de mandato de prefeito e desestruturação na gestão, levando assim a forte intranquilidade nas políticas públicas, afetando todo quadro educacional, mais ainda a vida de estudantes e professores. Apesar disso, da falta de direcionamento, entre outros incontáveis obstáculos, parte dos nossos educadores logo se transformaram em docentes digitais, compraram seus equipamentos, a medida do possível, outros também foram se adaptando mesmo com as limitações e estão trabalhando até o presente momento, incansavelmente, para manter acesa a chama do esperançar. Mas somos conscientes que mesmo com a junção de todos os esforços para doação do ensino remoto, os prejuízos à aprendizagem das nossas crianças e adolescentes têm sido desmedidos. E dentre tantos, estão os diferentes níveis de apoio familiar, a falta de acesso a equipamentos básicos e internet para acompanhar as aulas remotas na grande maioria dos domicílios. Os impactos na aprendizagem não são fáceis de mensurar e são apontados em falas de todos os profissionais da área. Essa marca infelizmente ficará, talvez com consequências por décadas na vida dos alunos, professores e porque não dizer de toda sociedade. Contudo, ainda vale lembrar, a crise poderia ser contabilizada com número maior, se não houvesse o comprometimento dos professores que, mesmo bem longe das condições ideais, brotaram, em curto espaço de tempo e superaram barreiras, preocupações diversas, perdas, tristezas, resistências e adentraram-se, sem entender, no mundo digital.

Chegamos ao mês de setembro de 2021, com fortes cicatrizes seguidas de muitas incertezas na pasta, com as escolas passando por melhorias em seus espaços físicos e sendo adaptadas com os protocolos de biossegurança. As melhorias estão acontecendo inicialmente nas estruturas maiores, gradativamente acontecerá nas demais. Quanto ao retorno na rede como um todo ainda não está afirmado pela gestão, declarando a situação estrutural em andamento e impasses licitatórios. Ficou acordado em reunião do dia 17 de agosto, com o CME, SINDISEC, COMISSÃO DE RETOMADA e GESTÃO MUNICIPAL que, após início nas escolas apontadas como prioritárias, avaliar-se-ia para posteriormente iniciar-se nas demais. Na semana de 20 à 24/09 uma visita será feita em todas as escolas para averiguarmos os avanços, antes do retorno “total” presencial e que as aulas sejam retomadas após o cumprimento integral dos protocolos de biossegurança, que a gestão movimente a volta quando os profissionais receberem a 2ª dose da vacina respeitando assim a escuta dos mesmos e de algumas famílias.  Não será uma retomada de onde paramos – o retorno exigirá responsabilidade de diversas frentes e demandará intensa articulação e contextualização local. Além das ações de natureza intersetorial, sempre necessária, a retomada das atividades presenciais nas escolas da nossa rede de ensino exigirá das assessorias centrais da educação, uma série de iniciativas em múltiplas dimensões e que ponderem o ineditismo do cenário atual.

 Quanto a vacinação dos profissionais até meados de outubro toda classe estará vacinada, é evidente que tempos difíceis como esses são tendentes à dissolução de políticas públicas, especialmente quando já somos parte de uma cultura política que não fixa educação como prioridade.  Portanto, os desafios vivenciados em nosso município, não diferem da maioria dos municípios brasileiro, há necessidade de se criar uma estrutura educacional adequada a realidade, uma boa gestão, que possa articular a qualificação, a motivação e o comprometimento de todos os atores. A formação continuada, com ênfase na educação híbrida, para todos e todas, alinhada à BNCC, reestruturação dos espaços físicos escolares com acesso a conectividade para toda rede, assinalar norma de avaliação para averiguar a aprendizagem dos estudantes, implementar urgentemente uma campanha de combate à evasão escolar. A questão social das crianças e jovens também é sofrível e precisa ser agrupada as ações, o acolhimento, a BUSCA ATIVA precisa ser abraçada por todos os atores. Sabemos que gerir a pasta da educação não é uma tarefa fácil, especialmente neste novo cenário, há necessidade de um planejamento pautado por desafios, metas e estratégias constantes e flexíveis, que precisam ser construídas a partir da análise do contexto, do RX completo da rede com olhar daqui para frente.

Pois, “Na velocidade que as coisas estão mudando é nosso dever pensar um pouco mais para onde estamos indo e levando conosco nossos estudantes. Precisamos sair da toca. Não somos mais apenas professores. Somos, também, analistas de tendências. E isso é muito estimulante. Devemos entender melhor o mundo para dialogarmos melhor com ele. [...] Deixemos nossas tocas. Quem hiberna são os ursos. Muitos deles, aliás, estão ameaçados de extinção”. Clebesch (2007, p. 1)

Sendo assim, o CME reforça que o direito a educação é assegurado para os cidadãos e está positivado na Constituição no seu Art. 6° como um direito social, mediante políticas públicas, que esse direito seja alcançado por todos e todas. Ademais, os programas e políticas junto ao FNDE, estão acontecendo timidamente, reflexo deste cenário brasileiro, desastrosos e obscuro que hora vivemos. Apesar de tudo, não devemos perder a esperança, que os desafios postos pela pandemia sejam minimizados com diálogo, planejamento, vontade e seguridade orçamentária, aqui e em qualquer lugarejo deste nosso país.

 



 Josélia Coringa B. de Morais

Presidente do Conselho Municipal de Educação.

Carnaubais-RN, 11 de setembro de 2021

 

 


CITAÇÃO:

CLEBESCH, J. Muito além do jardim. Disponível em www.profissaomestre.com.br

 

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