Vemos muita gente criticando,de maneira veemente, a política de elevação de juros por parte do Banco Central como se fosse um escolha do banco e de seus dirigentes a adoção dessa medida com o objetivo de refrear o consumo e a inflação. A malhação do Henrique Meireles e agora do Tombini passou a ser, desse modo, o esporte preferido desses críticos desavisados, teimando essas pessoas, algumas por desinformação, outras por má-fé, em ignorar os reais motivos que têm levado a instituição a praticar uma das mais elevadas taxas de juros do mundo.Me desculpem os que criticam, mas a postura deles lembra a do Lula em oito anos de governo, ou seja, um discurso que é uma profusão de bobagens que soam simpáticas e popularescas para quem ouve, mas que, na realidade, apenas contribuem para mistificar e embaralhar as questões. Se bem que, no caso do Lula, seja preciso registrar que ele gostava de falar abobrinhas, mas não dava murro em ponta de faca. Não senhor, tanto que ele manteve o Meireles à frente do BC, o que foi, com certeza, o que permitiu a ele (des)governar sem grandes sobressaltos. Assim, a meu ver, qualquer pessoa que queira criticar os juros com honestidade de propósito tem que apontar o dedo para a real causa da manutenção de taxas tão elevadas, que é permanência de uma máquina pública inchada, pouco eficiente e extremamente vulnerável à corrupção em todos os seus níveis e em todas suas esferas. Me perdoem os indignados, mas, se não conseguirmos nos organizar para exigir um poder legislativo que seja menos dispendioso e mais produtivo, não podemos falar mal dos juros. Se não temos competência para estabelecer um poder executivo mais eficiente e menos inclinado a rifar cargos públicos entre corruptos que não têm a menor vocação ou preparo para o exercício de suas funções, não podemos nem pensar em reclamar dos juros. Se não temos nem a esperança de contar com um poder judiciário que funcione lembrando ainda que longinquamente os padrões de uma justiça civilizada, temos mais é que rezar em vez de criticar os juros.
José Robson Coringa
SINCAESP
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