quarta-feira, 24 de maio de 2023

 

CONTEXTO HISTÓRICO

ESCOLA  MUNICIPAL JOÃO GREGÓRIO
Josélia Coringa




A Escola João Gregório Bezerra situada na comunidade do Jenipapeiro, Carnaubais/RN, CEP 59665- 000, CNPJ:12.782.890/0001-10 Entidade Mantenedora: Caixa Escola e Prefeitura Municipal, teve sua fundação em 28 de fevereiro de 1994 e no ano 1995 foi inaugurada, surgiu a partir da junção de três escolas isoladas, (*Marina Bezerra, *Nossa Senhora de Fátima e Joana Angélica), a professora pioneira na gestão da nova escola foi Adriana Maia de Oliveira que era professora da escola isolada, *Joana Angélica. O terreno foi adquirido através da doação da família Gregório, parentes do ex-prefeito Nelson Gregório Bezerra, a escolha do nome foi feita através de uma rápida votação nas dependências da mesma, onde parte das pessoas presentes, sugeriram homenagear Dona Ildete dos Santos Xavier, na época professora atuante. Mas o nome que prevaleceu foi “João Gregório”. Homenagem feita ao patriarca da família e dono da terra. Podemos dizer que a escolha do nome foi um tanto incoerente aos olhos da educação, por ele ser um senhor alheio às ações educativas. Contudo, respeitosamente sejamos sempre gratos à família Gregório pela doação do terreno e a acolhida da escola em suas terras.

 

Dona Ildete, foi uma professora que muito cooperou com essa instituição, sua história de vida foi dedicada à educação, próximo ao encerramento da carreira sentiu uma forte dor de cabeça, momento em que lecionava, numa sala de aula dessa escola e posteriormente se submeteu a uma delicada cirurgia fruto de um aneurisma cerebral, após essa cirurgia não retornou à sala de aula, ainda viveu vários anos e deixou um grande legado na educação de Carnaubais. Veio a óbito no dia 01 de dezembro de 2014. Contribuiu impetuosamente com a formação de muitos que certamente não a esquecerá.

 

As marcas da resistência, bravura e amor à educação, aspecto que caracterizava Dona Ildete dos Santos Xavier, como uma docente que se debruçou incansavelmente para alfabetizar crianças, evidenciava-se também pelos seus gestos e pela forma como rememorou suas práticas. Constatava-se que o conhecimento dos seus primeiros tempos de professora e de como foi educada serviram de base para que ela construísse sua prática e fosse se apropriando dos instrumentos da cultura escolar da época.

Dentre as funções das escolas rurais isoladas, das professoras que marcaram história dessas comunidades, não podemos deixar de citar outra que igualmente deixou sua lição valorosa como educadora nata, que contribuiu com sua maneira pródiga e afetuosa de ser.


Luzimar Coringa, que além de “ensinar o indivíduo a ler, a gostar de ler”, deveria desenvolver os bons hábitos de higiene, de boa educação, saberes sobre as contas e seu uso na vida cotidiana, o uso da palmatória se fez presente. Os conhecimentos de algo sobre o mundo e sua Pátria, cantar o hino uma vez por semana, respeitar os mais velhos e seguir normas gerais de conduta, valores que os alunos das escolas públicas e privadas de hoje deveriam receber como regra. Esses ensinamentos dado por elas, serviriam como conhecimento prático, ao que eles viessem a ser mais tarde.

Os “sonhos”, para Ildete dos Santos Xavier, Luzimar Coringa e outras professoras que igualmente construíram, representaram degraus a serem alcançados e dedicação pela educação da comunidade. É oportuno lembrar, Maria Nascimento, hoje aposentada, foi substituta de Luzimar Coringa quando se afastou por enfrentar a tuberculose, doença adquirida por volta da década de 60 e persistente na década de 70. Fazemos lembrar essas desbravadoras não por ter sido pioneiras da educação nesse prédio novo, mas por ter sido grandes educadoras de filhos dessas comunidades e por rememorar as escolas isoladas da época.

 

Dessa forma, superar a precariedade das escolas multisseriadas “domiciliares”, as estradas de “chão batido” o uso do tamborete, do banco, do quadro negro com giz e o enfrentamento as dificuldades significaram a expressão máxima que recaia sobre o “ofício do magistério”, entendido por elas como vocação de ensinar e preparar “criaturas para vida”.

 

A trajetória delas recupera, mesmo que de forma fragmentada uma parte importante da história do ensino rural nessas comunidades: Olho D’água e Jenipapeiro, “além de ressaltar que a docência não transcendia apenas ensinar conhecimentos pedagógicos, implicava, sobretudo um comprometimento social e político”.

 

As “lições” ensinadas, inesquecíveis, enfatizaram o letramento. A alfabetização caracterizou- se como aspecto de maior responsabilidade dessas professoras e que também, são hoje as lembranças que expressam maior gratidão e reconhecimento sobre a ação docente.

 

Lamentavelmente ainda não aprendemos a homenagear, merecidamente em vida, pessoas que contribuem com um mundo melhor. (Josélia Coringa).

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