Percussão em harmonia
Yuno Silva - Repórter
Batucada é apelido perto do arsenal do Kizambe. Quarteto percussivo calcado na pesquisa de ritmos, onde experimental e improviso andam lado a lado, o grupo lança seus holofotes sobre o projeto “A Cabôcada” e promove única apresentação hoje, logo mais às 20h30 no auditório da Aliança Francesa, onde apresenta ao público o intercâmbio entre linguagens sonoras e modos de criação. A noitada percussiva, ou melhor, a celebração kizambeira também abre espaço para o cantor e compositor potiguar Zelito Coringa, que atualmente se divide entre São Paulo e Santa Catarina. Cada atração terá seu momento, basicamente com repertório autoral, mas Zelito será escoltado pelo Kizambe durante sua performance. Os ingressos custam R$ 10 (preço único) à venda no local a partir das 18h.
Criado em 2007 pelos músicos Dudu Campos, Sami Tarik e Filipe Castro, o Kizambe iniciou sua jornada na cena da música autoral como um projeto pedagógico de musicalização para jovens de Taipu e Ceará Mirim – oficinas percussivas ainda ecoaram nos projetos Conexão Felipe Camarão e Ilha da Música.
Como Tarik está em temporada no exterior, além de Dudu e Filipe (que está na ponte aérea entre Natal e Curitiba), a formação atual do grupo se completa com a presença de John Fidja e Dinei Teixeira. “Nosso repertório é praticamente todo próprio, mas iremos apresentar releituras para canções de domínio público e versões para outras entoadas pelo Boi de reis do Mestre Manoel Marinheiro”, adiantou Dudu Campos, acrescentando que composições de André Abujamra (“O Mundo) e Luiz Gonzaga (“Súplica Cearense”) também estão na programação.
A experimentação do Kizambe transcende o campo percussivo e adentra labirintos de instrumentos não-convencionais, construídos a partir do reaproveitamento e/ou reciclagem de objetos. “Nossa busca é por novas possibilidades rítmicas, incluindo o acréscimo de recursos eletrônicos e efeitos especiais; modulações e nuances”, informa Dudu. Uma das metas do quarteto é mostrar a versatilidade da percussão, elevando esses experimentos a um patamar mais elaborado. Entre as influências do grupo figuram nomes como Uakti, Naná Vasconcelos, Hermeto Pascoal, Tom Zé, entre outros artistas que prezam pela liberdade.
“Apesar do show ter um roteiro definido, surpreender o público e nós mesmos faz parte do espetáculo, pois o improviso é um elemento importante na construção, espontaneidade e fluidez da música do Kizambe. Há a intenção proposital de manter a obra inacabada, dinâmica, que permite o intenso diálogo com a plateia. Tudo influencia no resultado”, explica o kizambeiro.
SANFONETA
O projeto “A Cabôcada”, novo espetáculo do Kizambe, recebe o músico Zelito Coringa como convidado do show desta quinta-feira. Natural de Carnaubais, Coringa anda pelas bandas do Sul e Sudeste há uns quatro anos, e aproveita sua passagem por Natal para mostrar o que anda aprontando por lá. Ator, músico e poeta, tem um CD lançado (“Passo de Hippie”), faz trilha para espetáculos de teatro, extrai parte de suas canções com afinações pouco usuais e cria instrumentos com materiais alternativos – aliás, durante a apresentação de hoje ele irá ‘tocar’ sua ‘sanfoneta’, feita com quatro canetas Bic.
Seu repertório traz composições que estarão em seu próximo álbum, como “Candeeiro de 100 volts”, além de poemas musicados de Renato Caldas (“A mulher e a amor”), de Ariano Suassuna (“A mulher e o reino”) e textos do espetáculo “Coivarins: sete notas de Cordel em cena”, no qual contracenou com Dudu Campos, Beto Vieira e Mazinho Viana. “Vamos brincar um pouco e interpretar músicas que já tocávamos em outros projetos”, disse Zelito, lembrando que conhece Dudu de longa data. “Também já fiz shows com o Filipe no Paraná; e toquei com Dinei e Fidja em festivais aqui no RN, então estarei entre amigos”
Fonte: Caderno Viver Tribuna do Norte
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