terça-feira, 7 de abril de 2009

PAIS E PROFESSORES: QUEM ENSINA E QUEM EDUCA?



Tentar estabelecer posições de pais e professores na educação de um estudante se faz necessário, já que eles mesmos se confundem na sua importância e na sua função diante de seus filhos e de seus alunos respectivamente. Os pais se tornam ausentes por um motivo ou outro e acabam por acreditar que eles aprendem na escola, pois lá é o lugar de se adquirir conhecimento. Não estão atentos às trajetórias de seus filhos e menos ainda participam de seu aprendizado, se envolvem mais com si e com o dia a dia. Não participam do seu desenvolvimento, estão ausentes as transformações a que eles estão sujeitos, não se relacionam com seus amigos e em fim não fazem parte do processo aprendizagem de seus filhos.

Os professores estão sobrecarregados exercendo a função de pais e educadores, tendo que ensinar desde bons modos e respeito até ao conteúdo programado. Muitos não são preparados para exercer este papel e ficam perdidos perante o seu dever de educador, sem falar nos que desistem da profissão, pois não se acham capazes de educarem jovens e crianças, o que na verdade não é exatamente o seu papel. Por estas e outras circunstâncias citadas ao longo deste trabalho observa-se com esta pesquisa que pais e professores precisam dividir responsabilidades na criação de uma relação de trabalho que abrace a aprendizagem e a socialização da criança. Que devem caminhar juntos para a construção de uma educação, devem ensinar para também aprender.

O comportamento escolar – da infância à adolescência Os professores têm enfrentado uma infinidade de problemas ao tentar trilhar um caminho junto a seus alunos. As crianças têm entrado nas unidades escolares muito cedo e isto com certeza tem influência no comportamento que elas vão ter longe dos pais nos anos iniciais de suas vidas. Este é só o primeiro motivo de uma lista de vários. Este agente inicial mencionado se dá muitas vezes ao fato de os pais estarem afogados na correria do dia-a-dia, e acabam tentando solucionar a sua falta de tempo colocando seus filhos em instituições de ensino muito cedo. Daí se principia uma lista de problemas, tanto abrangentes, quanto particulares, destes alunos. Surge a indisciplina, a falta de interesse e de motivação nas atividades, problemas psicológicos e tantos outros detalhes que comprometem o seu aprendizado. Muitos não se envolvem socialmente ou até mesmo agem com violência. Tudo isto se tratando de crianças, e com essa base eles crescem e entram numa fase, considerada por muitos, a fase da “Aborrecência” ou os adolescentes. Estes jovens também requerem cuidados, pois estão passando uma fase de transição hormonal que influencia bastante em seu comportamento.

Desde a forma em que são tratados até a interpretação de suas atitudes. Esta fase começa como uma vontade de descoberta, de conhecer o mundo de uma forma diferente, deixando de lado brincadeiras infantis e querendo a independência de seus comportamentos e atitudes como diz Içami Tiba: Também o adolescente, no pós banho de hormônios, está ávido por conhecer o mundo. Apesar de já ter muitas noções aprendidas do que é certo e errado, ao partir para o encontro da sua identidade quer estabelecer padrões próprios. Por isso, tende a negar os critérios existentes, transmitidos por educadores, pais e professores... (Tiba 2006, pág. 99). Daí tem que se ter a compreensão necessária para cada comportamento, cada atitude particular levando em consideração que talvez a sua desobediência possa se justificar. Eles se sentem perseguidos, acham sempre que são donos da razão e assim em diante, querem ser donos de si, e esta fervura de pensamentos reflete em suas atitudes sociais, aprendizado, comportamento e em fim na sua personalidade. Cada um possui uma conduta, tanto crianças quanto adolescentes, muitos têm explicação, mas mesmo assim não deixa de ser um problema que deve ser tratado ou até mesmo resolvido. É nesta frase que se resume esta pesquisa, pois é ai onde se dever ter o posicionamento dos pais e dos educadores para lapidar com coerência a personalidade destes filhos e também alunos. Estas mudanças de comportamento são psicologicamente explicadas quando se trata da fase chamada puberdade.

E isso pode trazer conseqüências, não é somente uma fase de transição, assim como cita Silvia Maria Ribeiro e Lígia Cristina Ferros: Um adolescente com problemas graves não se autonomiza dos pais isola-se ou conflitua com o grupo de amigos, inquieta-se permanentemente com a sua identidade. Pode então surgir à depressão que estudos recentes provam não ser rara e poder provocar dificuldades aos jovens e sua família... (Revista de ciências de Macaú 2005, pág. 154). Contudo nota-se a particularidade de cada indivíduo, assim de cada aluno e de cada filho, e a forma com que eles são tratados ou mesmo a educação que eles recebem requer conhecimento de detalhes e aplicações de métodos, tanto familiares quanto escolares, é ai que entra a posição dos pais e dos professores perante cada situação. A Família – as atitudes dos pais perante a educação dos filhos. A família com certeza possui significante papel diante os filhos, é em casa que eles encontram o apoio, aconchego, carinho e posição de segurança. As crianças sentem-se amparadas quando estão ao lado dos pais, mas e esses pais será que sabem a importância destes cuidados? São exatamente neste alvo que se principiam diversos problemas e é a partir daí também que se parte a solução, ou ao menos a tentativa de se obter uma. Os pais acabam se sufocando com a correria que a vida os coloca, trabalhando muito e pensando somente na situação financeira de sua família.

Com certeza uma vida confortável também é importante, mas não pode ser exclusiva. A ausência da família traz no filho o sentimento de abandono e não adiantam tentar recompensar esta deficiência com presentes, roupas e coisas materiais, isto não tem o mesmo valor. Augusto Cury em uma de suas obras ilustra muito bem este detalhe quando diz: Seus filhos não precisam de gigantes, precisam de seres humanos. Não precisam de executivos, médicos, empresários, administradores de empresa, mas de você, do jeito que você é. Adquira o hábito de abrir o seu coração para os seus filhos e deixá-los registrar uma imagem excelente de sua personalidade. (Cury 2003, pág. 26) A criança nos anos iniciais de sua vida se sente dependente da família, então é o momento de ensinar e mostrar o prazer em aprender, aproveitar esta convivência e esta confiança para iniciar o “Aprender à Aprender” desenvolvendo algo de tamanha importância, e que está ficando perdido. Os pais amam seus filhos e podem ensinar com amor, carinho e presença que para eles é o que realmente importa.

Neste momento se ensina o respeito ao conhecimento e desperta também a vontade de aprender sempre mais. “Criança precisa de adulto responsável a sua volta.” (Tiba 2005, pág. 167). A partir daí é um momento onde o filho exibe o seu querer e cabe aos pais mostrar o que é permitido e o que não é perante as suas vontades e assim começa a idéia de ensinar e mostrar a importância de aprender. Tudo isso não se resume em ensinar, mas levar a criança a praticar o que aprende e mostrar o valor deste aprendizado. Mas e quanto aos jovens? Os pais também devem estar presentes? Com certeza, afinal é uma fase de transição, onde se deve relevar muita coisa e ter sabedoria para agir em diversos tipos de situações. Aqui ocorre o despertar para o sexo, e a família deve ter diálogo com seus filhos, mostrar os caminhos que percorrem uma vida sexual ativa. Ensinar sobre certas doenças, gravidez precoce e principalmente orientar sobre responsabilidade. Não só o sexo, mas também o envolvimento com amigos é ponto forte nesta fase e é um dos principais caminhos a se chegar às drogas. Não que todos os amigos se envolvam com substâncias químicas, mas algum deles pode se submergir. Assim pais devem se relacionar com os amigos de seus filhos, deixa-los à vontade para que estes amigos freqüentem sua casa. Com certeza cada um é dono dos próprios atos, mas os amigos podem influenciar, e os pais têm um papel fundamental de orientadore e não de tirano. Proibir tudo só traz no jovem ainda mais vontade de independência e o torna cada vez mais distante de sua família, e a idéia é exatamente oposta, é aumentar os laços de confiança e convivência entre pais e filhos.

O conceito de que pais são sempre donos da razão leva filhos a procurar conselhos em amigos se distanciando dos adultos, pois sentem que estes não os entendem, mas na verdade é que muitos acham fácil o simples fato de que “Na escola eles aprendem” ou “A melhor escola é a vida” além dos que têm vergonha de falar sobre certos assuntos e acabam deixando pra depois as conversas que deveriam ter. Contudo nota-se que o aprendizado é constante, e que se inicia desde pequeno onde os pais também são professores, são educadores de vida, e eles não percebem. Mandam para aprender na escola, valores que devem ser de berço. Causam nos filhos aversão ao conhecimento e nem notam que são responsáveis por tudo isto. A eles cabe a educação comportamental de seus filhos e ensinar sobre a vida. Mostram caminhos e acompanham a caminhada. Assim são educadores que tem grande poder em despertar em casa a vontade de conhecer e aprender, e ai sim, perante este desejo em aprender, entra o papel da escola e do professor. Os pais assim, possuem uma contribuição irrelevante, estão semeando o prazer de aprendizado o que traz no aprendiz a sede de conhecer. O filho se sente seguro e os pais gratificados pela troca de amor e aprendizado.

por Adriane Sardinha Macedo

Nenhum comentário: