Entrelaçando histórias
Hoje me bateu uma saudade, uma
saudade danada daquele tempo de criança lá em Olho D´água, minha mãe, minha
infância, minhas melhores lembranças...rígida e determinada, se algum de nós saísse
da linha pegue péia, a palmatória era certeira. Meu irmão mais velho, sempre
renitente, neto protegido e querido da minha vó paterna, vovó Tereza, menino
sapeca, não gostava de estudar ou não gostava da professora D. Mirinha, viva D.Mirinha, que
também foi minha....minha mãe o mandava p escola e ele voltava, era umas manhãs
de vai e vem...a baixa de Sr Zé Ligança servia de sobe e desce para ele...ela
dizia: você vai, e ele em silêncio retrucava, eu volto. Apanhava para crescer e
acabava indo. Assim aprendeu a ler, na marra e nas diretrizes de D. Mirinha,
que para completar minha mãe ainda reforçava, não dê moleza, aperte ele. Tínhamos
receio da cruel matemática que nos obrigava a decorar a tabuada. Ai dos que
titubeavam no momento do mantra entoado com respostas e perguntas da divisão. D. Mirinha, exemplo de professora alfabetizadora, inspira pessoas até hoje. Não conseguiu ainda deixar o ofício. Dona Ildete, saudosa D.
Ildete. é possível ouvir o som daquela voz firme perguntando: - três vezes
três? E o coro em seguida respondendo: - nove. Num espaço improvisado na casa
de Zé Cobra, levávamos o tamborete, porque não havia cadeiras suficientes,
minha mãe comprou um exclusivamente para mim....Um belo dia meu Primo Mesinho,
teimoso e cheio de dengo, tomou meu tamborete e rolou uma briga feia, ele me
bateu, eu era mole... Depois fomos para 2ª série, já na prensa de Sr
Francisquinho Tavares, que doou um espaço, chamado Prensa se Sr. Fransquim,
para que D. Ildete pudesse ensinar.... E assim, sucessivamente até os nove,
dez...Depois fui para o Entroncamento estudar com Dalvaci Antunes, no Princesa
Isabel, no caminho para casa sempre tinha umas briguinhas entre eu, Cirlene e
Lígia e Pitiquinho era quem amenizava... se as três se juntassem pode ter
certeza, dava chafurdo...depois fui estudar com Venâncio no Colégio Camilo de
Lelis Bezerra, no Alemão, lá era preciso chegar cedo porque não tinha carteira
suficiente, o aluno mais travesso era Francisco Pelonha, o mais bonito
também...ele tirava Venâncio de tempo, era suspenso e voltava mais danado...as
vezes me obrigava a escrever as matérias dele...as vezes eu não achava ruim
porque eu achava ele tão lindo...sabe aquele menino que encanta de tanta
beleza...mas era horrível de comportamento. Venâncio também usava palmatória...
Que suador enorme nos causava a exposição daquela palmatória trabalhada artesanalmente, com superfície lisa, de extremos arredondados sobre a mesa da professora. D. Ildete. Quanta saudade daqueles tempos na escola! Dona Mirinha, Senhora Franzina, altiva, autoritária, sua forma de ensinar marcou toda uma geração. Minha mãe parecia sua discípula. Nossa! Em casa não era mole. Minha mãe era zelosa, e entre tantos desejos que havia em seu coração um deles era nos vê crescer, serem pessoas de bem, dizia que após isso Deus podia decidir sobre ela. Criou-nos com muito capricho, em meio à pobreza éramos crianças admiráveis. Cabelos de anum, olhos de biloca....Pacatos e tímidos. Erámos tão tímidos que ao chegar gente na nossa casa à gente se escondia..se escondia mesmo, sem exageros. O caçula, esse, entrava de mato a dentro e só chegava quando se sentia seguro, tinha medo de gente! Rs.. Eu nem tanto assim... mas até hoje ainda sou chamada por um primo de menina maluquinha, a Maria maga, era tão maguinha que quase quebrava ao meio.
Mais eu estava mesmo era falando de educação...tempo de seriedade...Aqueles “algozes” do passado formaram-se, seguiram carreiras diversas, acima de tudo, tornaram-se gente com valores morais admiráveis. Graças a educação rigorosa e regrada da época.
Havia regras naquele passado: nada de ir com unhas sujas, com uniforme sujo; meninos de meias e com calçado no pé, meninas com saias de pregas até dois dedos acima do joelho. Na década de 70 ainda se usava..! mas eu não alcancei essa época toda...Minha geração fervorosa foi a da final da década de 80 e 90. Geração Cazuza. Oh! Como era bom!!! Namoro na escola? Nem pensar. Logo os pais ficavam sabendo. Só se fosse muito escondido...
Bendita imagem a daqueles estudantes diferenciados. Sabia-se pelo jeito de quem era filho(a). Todo mundo se conhecia...qualquer ocorrido: vou dizer a sua mãe. A figura materna era respeitada. O pai nem se fala...Na verdade as mães sempre foram mais presentes...
Que suador enorme nos causava a exposição daquela palmatória trabalhada artesanalmente, com superfície lisa, de extremos arredondados sobre a mesa da professora. D. Ildete. Quanta saudade daqueles tempos na escola! Dona Mirinha, Senhora Franzina, altiva, autoritária, sua forma de ensinar marcou toda uma geração. Minha mãe parecia sua discípula. Nossa! Em casa não era mole. Minha mãe era zelosa, e entre tantos desejos que havia em seu coração um deles era nos vê crescer, serem pessoas de bem, dizia que após isso Deus podia decidir sobre ela. Criou-nos com muito capricho, em meio à pobreza éramos crianças admiráveis. Cabelos de anum, olhos de biloca....Pacatos e tímidos. Erámos tão tímidos que ao chegar gente na nossa casa à gente se escondia..se escondia mesmo, sem exageros. O caçula, esse, entrava de mato a dentro e só chegava quando se sentia seguro, tinha medo de gente! Rs.. Eu nem tanto assim... mas até hoje ainda sou chamada por um primo de menina maluquinha, a Maria maga, era tão maguinha que quase quebrava ao meio.
Mais eu estava mesmo era falando de educação...tempo de seriedade...Aqueles “algozes” do passado formaram-se, seguiram carreiras diversas, acima de tudo, tornaram-se gente com valores morais admiráveis. Graças a educação rigorosa e regrada da época.
Havia regras naquele passado: nada de ir com unhas sujas, com uniforme sujo; meninos de meias e com calçado no pé, meninas com saias de pregas até dois dedos acima do joelho. Na década de 70 ainda se usava..! mas eu não alcancei essa época toda...Minha geração fervorosa foi a da final da década de 80 e 90. Geração Cazuza. Oh! Como era bom!!! Namoro na escola? Nem pensar. Logo os pais ficavam sabendo. Só se fosse muito escondido...
Bendita imagem a daqueles estudantes diferenciados. Sabia-se pelo jeito de quem era filho(a). Todo mundo se conhecia...qualquer ocorrido: vou dizer a sua mãe. A figura materna era respeitada. O pai nem se fala...Na verdade as mães sempre foram mais presentes...
Os funcionários eram poucos,
alguns eram professoras, zeladoras e merendeiras ao mesmo tempo. Família,
escola e sociedade caminhavam juntas pela formação das crianças. Havia, de
fato, a preocupação com o futuro. Não era um clichê. Na época áurea da
palmatória, os professores eram chamados de mestres, inspiravam e incentivavam.
Oh! Saudoso Chico Maricas...era um professor amigo da minha mãe, saudosa
Luzimar Coringa, professora dedicada...minha mãe era sociável, adorava
conversar, tinha espirito de liderança na comunidade Olho Dágua, se descava
pelo jeito dócil de ser, acolhedora, humana e irreverente, nos idos de 80, ela se
mostrou uma mulher a frente do sua
geração... lembro-me como se fosse hoje, minha mãe estilosa, se descava também
pelos belos cabelos pretos, feito índia...não os cortava com todo mundo, era vaidosa,
minha mãe, sabia o que fazia... Furou a orelha em vários cantos, colocou
brinquinhos e parecia uma adolescente revolucionária. E era mesmo, assim era
seu espírito, de luta, de liberdade....Os anos 80 entraram para a história pela miscelânea de movimentos e a
busca pela liberdade de expressão artística e social. O sucesso da música dessa
época é tanto que boa parte das letras está na ponta da língua até hoje. Adoro Cazuza. Viva Cazuza! As suas canções atravessam gerações e tocam em temas
atemporais como a política. Assim, bandas como Legião
Urbana, Titãs, Barão Vermelho, Capital Inicial e Os Paralamas do Sucesso surgiam no cenário
e revelavam compositores do nível de Cazuza,
Renato Russo e Arnaldo Antunes. Só feras. Tempo bom demais... No meio dessa década já estava na escola Adalgiza....(muito o que
relatar)
Naquela época tinham plena
liberdade de expressão. Podiam falar em sala o que hoje não podem mais, sob
pena de incorrerem em discriminação, preconceito e outras tantas imbecilidades
criadas pela ditadura do tal “politicamente correto”.
Inspirados por esses homens e mulheres, alunos de ontem, assim como eu, meus irmãos, os filhos de Zé Correia, de Darita, de Maria de Osmar, de Terezinha de Zé Carias, de Dona Punina e Sr Faustino, nossa vizinhança era toda essa....geração que seguiram os mesmos passos sofrem agora da dolorosa desilusão. De cada uma dessas famílias saíram professores, Rosileide Xavier, Cirlene Guerra, João Correia, Neide, Maria Luiza, Aqueles mestres respeitados até pela condição econômica, nos inspirou e hoje somos servidores públicos. Vivemos entre duas escolhas: lecionar porque amamos ou sobreviver com a dignidade econômica de que precisamos.
Não bastasse o salário e um ambiente de trabalho por vezes insalubre, ainda lidamos com uma sociedade contemporânea repleta de sérios problemas de desordem moral. Nossas meninas estão vulgares e violentas; nossos meninos tão perdidos quanto elas. As leis de “estado-gagá” implantadas no Brasil reforçam a omissão de pais e o silêncios dos educadores. Tudo agora é assédio, preconceito e discriminação.
Chegamos ao ridículo de considerarmos a competitividade tão nociva que a média escolar foi reduzida e as provas quase extintas para garantir a um “governo democrático” o discurso de que não há mais reprovação nas escolas.
Os seres humanos fazem parte de um contexto social, onde realizam diversos tipos de ações que estão interligadas entre si, e que trazem resultados tanto para o sujeito que as exerce, quanto para toda a comunidade em que este sujeito vive. Por isso, suas ações devem ter uma busca intencionada, com objetivos determinados, definidos por sua própria natureza, para que esses indivíduos possam desenvolver habilidades que tenham equilíbrio entre a razão e os desejos, e claro, que tenha em vista um reto fim. Eis a filosofia macintyreana indo para o ralo - pelo menos nas bandas da nossa Pátria Mãe Gentil cujo futuro é repleto de analfabetos funcionais. De corruptos que envergonham...
Inspirados por esses homens e mulheres, alunos de ontem, assim como eu, meus irmãos, os filhos de Zé Correia, de Darita, de Maria de Osmar, de Terezinha de Zé Carias, de Dona Punina e Sr Faustino, nossa vizinhança era toda essa....geração que seguiram os mesmos passos sofrem agora da dolorosa desilusão. De cada uma dessas famílias saíram professores, Rosileide Xavier, Cirlene Guerra, João Correia, Neide, Maria Luiza, Aqueles mestres respeitados até pela condição econômica, nos inspirou e hoje somos servidores públicos. Vivemos entre duas escolhas: lecionar porque amamos ou sobreviver com a dignidade econômica de que precisamos.
Não bastasse o salário e um ambiente de trabalho por vezes insalubre, ainda lidamos com uma sociedade contemporânea repleta de sérios problemas de desordem moral. Nossas meninas estão vulgares e violentas; nossos meninos tão perdidos quanto elas. As leis de “estado-gagá” implantadas no Brasil reforçam a omissão de pais e o silêncios dos educadores. Tudo agora é assédio, preconceito e discriminação.
Chegamos ao ridículo de considerarmos a competitividade tão nociva que a média escolar foi reduzida e as provas quase extintas para garantir a um “governo democrático” o discurso de que não há mais reprovação nas escolas.
Os seres humanos fazem parte de um contexto social, onde realizam diversos tipos de ações que estão interligadas entre si, e que trazem resultados tanto para o sujeito que as exerce, quanto para toda a comunidade em que este sujeito vive. Por isso, suas ações devem ter uma busca intencionada, com objetivos determinados, definidos por sua própria natureza, para que esses indivíduos possam desenvolver habilidades que tenham equilíbrio entre a razão e os desejos, e claro, que tenha em vista um reto fim. Eis a filosofia macintyreana indo para o ralo - pelo menos nas bandas da nossa Pátria Mãe Gentil cujo futuro é repleto de analfabetos funcionais. De corruptos que envergonham...
Por isso, MacIntyre propõe uma educação
baseada nas virtudes. A virtude é uma qualidade humana adquirida, cuja posse e
exercício costuma nos capacitar a alcançar aqueles bens internos às práticas e
cuja ausência nos impede, para todos os efeitos, de alcançar tais
bens.(MacINTYRE, 2001, p.321)
Josélia Coringa 03/08/2017
Josélia Coringa 03/08/2017
...Mais agora
vou parar por aqui... e amanhã quem sabe retomo a esse texto contanto mais
proezas daquele tempo.
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