terça-feira, 13 de setembro de 2011

COISAS DO GÊNERO

O legado da arte no que diz respeito à construção de uma sociedade mais instruída, de senso critico mais apurado, menos violenta, mais humana, custa-nos tão pouco, ao mesmo tempo caro demais para a nossa existência. Esta semana tive a grata satisfação de me apresentar para uma pequeníssima platéia de jovens da cidade de Mossoró, todos residentes de uma Casa de Passagem para menores infratores. O curioso é que os referenciais melódicos e poéticos de todos eles é a Banda Grafith e coisas do gênero. Basta degustarmos alguns versos e entendermos o significado da falta de tolerância dos nossos adolescentes, da desmoralização, do lugar comum, do incentivo as beberagens sem sentido. Cada um sabe exatamente o peso da responsabilidade que carrega e o que traz como verdade para os dias vindos, não quero dá uma de bacana expressando esse pensamento, apenas. Faz muito tempo que não consigo enxergar o que existe de consistente na prática de muita gente; dirigentes de movimentos jovens, de alguns educadores, de quase todos os políticos, dos ditos formadores de opinião pública, enfim.  Estou convicto que não envelheci com a idade, muito menos esqueci as lições do velho movimento estudantil, da militância rural, socialista, dos princípios humanos imutáveis. Sei que quem não se encaixa nos moldes das uniões de poder corre o risco de cortar o próprio umbigo, de pular fora do cordão de isolamento, falar a verdade é um escândalo como diz o poeta Antonio Francisco. Não há projetos para governar absolutamente nada, há sim, projetos de alianças para se chegar ao poder simplesmente. Quem é cabeça de chapa é chapa de alguém ou deixa de ser. Afinal de contas queremos projetos de governo ou projetos de poder? Confesso que é preciso medir, e medir e medir, e no final não acharmos o resultado exato das contas. Chego à conclusão que o difícil não é mudar de idéia é não ter idéia nenhuma para ser mudada. Continuo acreditando que é possível fazer diferente, de sermos realistas e sonhadores ao mesmo tempo.  Se não há investimentos reais para a manutenção de nossos valores, para a educação e sobram recursos para a promoção da embriaguês festiva pirotécnica não faremos o amanhã acontecer. Quando é oferecido palquinho para a cultura e mega estrutura para entreter de falsa alegria o nosso povo, configura-se o digo. Neste exato momento desconheço ações e programas culturais no município que estejam avançando para o futuro. Faço questão em dizer que na entrada de minha cidade tem uma placa gótica dizendo: Bem-vindos a terra de Núbia Lafayette. Apesar de desconhecer qualquer contribuição que ela tenha nos deixado além de suas belíssimas interpretações, procuro ser feliz em repetir por onde passo que sou filho natural de Carnaubais.
Zelito Coringa

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