TRAJETÓRIA,
DOCÊNCIA E MEMÓRIAS.
No banco de areia começa sua história e nos bancos da escola Dona Vera
Lúcia Fernandes da Silva, natural de Ceará Mirim, deixa para nós um grande
legado e é homenageada pelo amor incondicional a educação, pioneira na formação
de pessoas da comunidade, suas marcas de resistência são visíveis.
Relata-se que, mesmo enfrentando dias muito difíceis de saúde e demais
problemas, procurou lecionar com dedicação e responsabilidade. Sua residência,
uma casa simples, de taipa, era ambiente que acolhia as crianças dos diversos
logradouros vizinhos, tinha alunos de melancias a mutambinha, era aluno que
fazia gosto, como ela mesma nos conta enchendo os olhos de lágrimas. Naquela
época, existiam poucas casas, todos se conheciam e se tratavam como sendo da
família, os alunos eram diferentes dos de hoje, obedeciam aos pais, obedeciam aos
professores, usava sua palmatória para realizar tarefas de matemática e
leitura, soletrar acabava sendo um jogo divertido, cada aluno com um livro na
mão tentava ler a palavra sugerida, se errasse levava bolo na mão, ensinou a
todos os filhos de Chico Horácio,
ensinou a muitos que ali residem. Muitos....Órfã de mãe aos (9) nove anos de idade, ia
completar em 30 de janeiro de 1958 e a mãe faleceu em 25 de janeiro do mesmo
ano....faleceu de parto e seu pai em seguida casou-se novamente.
Logo que chegaram aqui, vindos de Ceará Mirim, moraram nas terras de
Edgar Montenegro, a família do seu pai era natural de Carnaubais, mas a da mãe
era de Serra de Araruna. Fez o logos,
naquele tempo era o passe para ser professora, Era louca para estudar no
Educandário Nossa Senhora das Vitórias em Assu, era o sonho das meninas
estudiosas, relata que: se tivesse morado com seu pai a vida tinha sido outra, sofreu
muito....emociona-se ao contar... Teve a sorte de encontrar no caminho da vida,
pessoas boas como Dona Zulmira Bezerra de Siqueira e Francisquinha Macedo,
gente bondosa e influente, que incentivaram na sua caminhada. A escola
funcionou em várias casas de taipa, uma delas foi à casa de Chico de Gino,
algumas foram erguidas de alvenaria, outras nem vestígios existem mais. Dona
Vera ensinava em casa e recebia pela prefeitura mensamente até ver erguido o pequeno prédio da escola, Pe. José de Anchieta, na
gestão de Giovanny Wanderley, iniciou com uma sala de aula, graças à luta de um
grupo de jovens chamado “Jucrist” que se reuniam na casa do Sr. João Galdino, casa
de taipa grande que dava para acomodar todos para as reuniões, lá discutiam
sobre a necessidade de uma escola nessa comunidade, entre outras precisões... o
professor Carlos Augusto foi pioneiro desse grupo, juntamente com o Professor
Damasceno Neto, defensor da educação e de um novo prédio, essas reuniões
surtiram efeito e através de muita pressão a escola foi organizada. Dona Vera
com sua saúde fragilizada já não pode mais lecionar, sua filha chamada Maria da
Conceição ficou ocupando seu lugar e ela por algum tempo ficou dando contribuição
em outros setores da escola. Fez de tudo um pouco.
Até a legitimação do início do atual prédio,
se evidencia, pelos seus relatos e pela forma carinhosa que relembra suas
práticas, Dona Vera, não se recusava a colaborar nos demais setores da
educação, se não podia estar em sala de aula por problemas diversos de saúde,
especialmente alergias ao pó de giz. Estava ela em outro lugar da escola... Reforça que sua vida foi de muitas batalhas, mas venceu todas, casou e
teve 13(treze) filhos. 10 homens e 03 mulheres, comtemplada hoje com 21 netos.
Com 28 anos de serviço, recebeu
sua aposentadoria, lembra de forma
saudosa que ao receber a notícia veio junto um bilhete de Francisquinha
Macedo, dizendo: “lamento que sua pasta agora vai para o arquivo morto”. Assim,
Dona Vera conclui sua rotina de trabalho na educação. Relembra pessoas que
também contribuíram com Pe. José de Anchieta como: Zulmira de Luiz Mendonça,
Gracinha de Lelego, Ozineide, Lucília, Damasceno, entre tantos outros que serão
citados e lisonjeados em outro momento.
Josélia Coringa
(Fragmentos
-Texto em andamento)