domingo, 22 de março de 2015

Professores de Acari-RN se reunirão com os sindicatos amanhã.

ATENÇÃO, PROFESSORES DE ACARI/RN!
Neste dia 23/03/2015, portanto, nesta segunda-feira, às 10h e 30min, estaremos reunidos junto ao SINTE/RN e ao SINDSERPMA em Assembleia no Centro Pastoral para tratarmos de assuntos relevantes à categoria. Sua presença é de suma importância!
"ATENÇÃO, PROFESSORES DE ACARI/RN!

Neste dia 23/03/2015, portanto, nesta segunda-feira, às 10h e 30min, estaremos reunidos junto ao SINTE/RN e ao SINDSERPMA em Assembleia no Centro Pastoral para tratarmos de assuntos relevantes à categoria. Sua presença é de suma importância!"
Segundo a lei 11.738/2008 (art. 2º), que estabeleceu o Piso Salarial Profissional Nacional para os profissionais do magistério público da Educação Básica, na composição da jornada de trabalho deve-se observar o limite máximo de 2/3 (dois terços) da carga horária para o desempenho das atividades de interação com os educandos. Logo, 1/3 da jornada será dedicado à preparação de aulas e às demais atividades fora da sala. 

Sobre a regulamentação para utilização desse tempo, consultei a Resolução do Conselho Nacional de Educação/Câmara de Educação Básica nº 03, de 8 de outubro de 1997 (art. 6º, IV), que estabelece percentuais para cálculo dessas horas.


A título de conhecimento, essa lei foi questionada judicialmente por alguns governadores de estado, por meio de uma Ação Direta de Inconstitucionalidade, que já foi julgada. O Supremo Tribunal Federal (STF) julgou a constitucionalidade da Lei do Piso Nacional dos professores, (ADI 4.167, disponível para consulta na página do STF). Na decisão os ministros declararam a Lei constitucional. E mais: deixaram claro no julgamento que "é constitucional a norma geral federal que reserva o percentual mínimo de 1/3 da carga horária dos docentes da Educação Básica para dedicação às atividades extraclasse".

Entendo que cabe agora aos trabalhadores de educação de todo o país exigirem dos gestores públicos a efetivação do 1/3 de hora-atividade, uma vez que está vigente e obrigatória para todo o país.

O município pode investir 100% dos recursos que recebe do Fundeb com pessoal, para cumprir o piso nacional dos professores?
Os recursos do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb), conforme determina a lei, devem ser aplicados na manutenção e desenvolvimento da educação pública: educação infantil e ensino fundamental para os municípios e nos estados no ensino fundamental e médio.

A parcela de recursos para remuneração é de, no mínimo, 60% do valor anual. Não há impedimento para que se utilize até 100% dos recursos do Fundeb na remuneração dos profissionais do magistério. Sendo assim, ouso sugerir a análise da aplicação dos recursos, uma vez que poderão utilizar esse limite para investimento em outras frentes, não somente na
remuneração.

Qual o impacto da aprovação do Plano Nacional de Educação (PNE) nas leis do município? Precisaremos reformular nossos Planos Municipais de Educação?

POR QUE O JOVEM NÃO DEVE LER!!!

Discutindo Literatura

 

           Calma, prezado leitor, nem você leu errado, nem eu pirei de vez. Este artigo pretende isso mesmo: dar novos motivos para que os moços e moças de nosso Brasil continuem lendo apenas o suficiente para não bombar na escola.      
       E continuem vendo a leitura como algo completamente estapafúrdio, irrelevante, anacrônico, e permaneçam habitando o universo ágrafo dos hedonistas incensados nos realitys shows.
            (Êpa, acho que exagerei. Afinal, quem não lê, muito dificilmente vai conseguir compreender esta última frase. Desculpem aí, manos:  eu quis dizer que os carinhas, hoje, precisam de dicionário pra entender gibi da Mônica, na onda dos sarados e popozudas que vêem na telinha, e que vou dar uma força  pra essa parada aí, porra.)

            Eu explico mais ainda: é que, aproveitando o gancho do Salão do Livro Infanto-Juvenil, em novembro agora no Parque do Ibirapuera, Sampa, pensei em escrever sobre a importância da leitura. Algo leve mas suficiente para despertar em meia dúzia de jovens o gosto pela leitura (de que? De tudo! De jornais a livros de filosofia; de bulas de remédio a conselhos religiosos; de revistas a tratados de física quântica; de autores clássicos a paulos coelhos.)            Daí aconteceram três coisas que me fizeram mudar de rumo e de idéia.            Primeiro eu li que fizeram, alguns meses atrás, um teste de leitura com estudantes do ensino fundamental de uma dezena de vários países. Era para avaliar se eles entendiam de verdade o que estavam lendo. Adivinhem quem tirou o último lugar, até mesmo atrás de paizinhos miseráveis e perdidos no mapa mundi? Acertou, bródi: o nosso Brasil.            Logo depois, li uma notícia boa que, na verdade, é ruim: o (des)governo de São Paulo anuncia maior número de crianças na escola. Mas adotou a política da não reprovação. Traduzindo: neguinho passa de ano, sim, mas continua tecnicamente analfabeto. Porque ler sem raciocinar é como preencher um cheque sem saber quanto se tem no banco.            E, por último, li em pesquisa publicada recentemente nos jornais, que para 56% dos brasileiros entre 18 e 25 anos comprar mais significa mais felicidade, pouco se importando com problemas ambientais e sociais do consumo desenfreado. Ou seja, o jovem brasileirinho gosta de comprar muitas latinhas de cerveja, mas toma todas e joga todas nas ruas ou nas estradas, sem remorso.            Viram como ler atrapalha?            A gente fica sabendo de fatos que, se não soubesse, teria mais tempo para curtir o próprio umbigo numa boa, sem ficar indignado e preocupado com a situação atual de boa parte de nossa juventude.            E também faz o tico e o teco (nossos dois neurônios que ainda funcionam no cérebro, já que se dividirmos o quociente de inteligência nacional pelo número de habitantes não deve sobrar mais que isso per capita) malharem e suarem, em vez de ficarmos admirando o crescimento do bumbum e do muque no espelho das academias de musculação.            Por isso que, num momento de desalento, decidi que, de agora em diante, como escritor e professor, nunca mais vou recomendar a ninguém que leia mais, que abra livros para abrir a cabeça.            A realidade é brutal e desmentiria em seguida qualquer motivo que eu desse para um jovem tupiniquim trocar a alienação pela leitura.            Eu reconheço: a maioria está certa em não ler.            E tem, no mínimo, 5 razões poderosas , maiores e melhores que meus frágeis argumentos ao contrário:
 1.      Se ler, vai querer participar como cidadão dos destinos do País. Não vale à pena o esforço. Como disse o Lula (que não teve muita escola, mas sempre leu pra caramba), a juventude não gosta de política, mas os políticos adoram. Por isso que eles mandam e desmandam há séculos;
2.      Se ler, vai saber que estão mentindo e matando montes de jovens todos os dias em todos os lugares do Brasil impunemente; principalmente porque esses jovens não percebem nem têm como saber (a não ser lendo) a tremenda cilada que é acreditar que bacana é mentir e matar também;
3.      Se ler, vai acordar um dia e se perguntar que diabo é isso que anda acontecendo neste lugar, onde só ladrões, corruptos, prostitutas e ignorantes, aparecem na mídia;
4.      Se ler, vai ficar mais humano e, horror dos horrores, é até capaz de sentir vontade de se engajar num trabalho comunitário, voluntário e parar de ser egoísta;
5.      Se ler, vai comparar opiniões, acontecimentos, impressões e emoções e acabar descobrindo que sua vida andava meio torta, meio gado feliz.
            O espaço está acabando e me deu vontade de lembrar que ninguém -nem mesmo alguém que não vê utilidade na leitura – pode achar que há um belo futuro aguardando uma juventude que vai de revólver pra escola e, lá, absorve não conhecimentos mas um baseado ou uma carreirinha maneira. Sim, é outra pesquisa que li, esta dando conta que sete entre dez estudantes brasileiros andam armados, três entre dez se drogam na escola, sete entre dez bebem regularmente.            Mas paro por aqui já que, apesar destes tristes tempos verdes e amarelos (as cores do vômito, papito), lembro também de tantos poetas, jornalistas e escritores que, ao longo de minha vida de leitor apaixonado, me deram toques de esperança, força e fé na mudança.            De um especialmente – o poeta Tiago de Melo – com seu verso comovido e repleto de coragem:            “Faz escuro, mas eu canto!”            Talvez meu pequeno cantar sirva de guia do homem (e mulher) de amanhã. E que, lendo mais, ele/ela evite de ter como única alternativa para mudar de vida dar a bunda (e a alma) ou engolir baratas (e a dignidade) diante das câmeras de televisão.
Ulisses Tavares, escritor e professor, sempre leu muito. Não ficou rico com isso. Mas deixou de ser pobre de espírito rapidinho.
Edição do Ano I – Número 3:




 leitura desse domingo. Me desprendendo de revistas antigas. 
Folheando livros importantes.


PRIMEIRO LIVRO DE POESIA QUE GANHEI FOI DE FÁTIMA XIMENES: PRIMA E COLABORADORA
DA MINHA FORMAÇÃO. 
Vice-reitora Maria de Fátima Freire de Melo Ximenes
UMA MULHER ADMIRÁVEL.

domingo, 15 de março de 2015

ESCOLA PRINCESA ISABEL E SEU MARCO HISTÓRICO

É nas atitudes simples e pequenas, antes que nas grandes e visíveis, que por vezes reconhecemos o valor dos mortais.
                                                              Josélia Coringa

No início da década 60 o modelo de escola vigente ainda era a Escola Isolada antecedente aos Grupos Escolares, esse modelo acolhia a população tanto do meio rural quanto do meio urbano. As Escolas Isoladas, segundo Bittencourt, eram chamadas de “escolas populares e atendiam a uma população bastante diversificada que incluía alunos de cursos noturnos, tanto das áreas rurais quanto  urbanas (...)” Na nossa cidade não era diferente. Havia as escolas isoladas geridas pelo estado e as escolinhas que funcionavam na residência de professoras em algumas comunidades, geridas pela gestão municipal.

As Escolas Isoladas só possuíam uma série. O ensino dessa série, na maioria das vezes, era ministrado na casa da professora, que funcionava sem material  didático, cada aluno levava seu caderno para que a mesma escrevesse  as atividades. Os principais recursos de apoio ao professor eram a cartilha de ABC e a tabuada por sinal os livros fundamentais da época. Na maioria das vezes os alunos também precisavam levar seus tamboretes para assistirem as aulas no alpendre ou na sala das casas das professoras. Assim construía-se a aprendizagem, crianças eram alfabetizadas, quando mereciam ficavam de castigo e tomavam palmatórias nas mãos. Os valores cravados eram muitos, a professora era respeitada como a segunda mãe até porque disponibilizava seu espaço familiar para servir aos seus alunos.

Dessa forma, o primeiro grupo que viesse a ser fundado na localidade em que a mesma se encontrava era feita a transferência  para nova sede. Foi assim que brotou a princesa.

Antônia Neta de Andrade, vizinha do Sr. Francisco Santana, foi pioneira da educação na nossa escola. A casa que morava era uma construção bastante antiga, do tempo dos escravos, ainda feita de sapé e barro nas imediações da escola atual. Foi na mesma que nasceu a Princesa Isabel, por volta de 1964 Dona Antônia, começou a dar aulas em sua residência no governo de Rivadávia Alves Cabral, no ano seguinte foi convidada pelo prefeito Valdemar Campielo Maresco a continuar suas atividades de professora e ser remunerada pela prefeitura. Nessa época, tudo era mais difícil, família grande, muitos filhos para criar e uma disposição incansável. Além das atividades domésticas, seu dia a dia era bastante corrido, ajudava as pessoas quando estavam enfermas, era uma espécie de enfermeira na comunidade, tirava terços para defuntos e rezava novenas. Era um tanto letrada e se destacava por seus feitos admiráveis, mulher de fibra, de pele negra e coração grandioso.

Tinha como melhores amigas Izabel Matias e Francisca Romana e uma ocupação que lhe dava prazer era cuidar da família, casada com Olegário Andrade de Amaro com quem teve oito filhos.

Certo dia recebe em sua casa a visita da Senhora Zulmira Bezerra de Siqueira, mulher sábia e respeitável na educação e política de Carnaubais, numa conversa formal sugere nomear a escolinha da casa de “Princesa Isabel”, a partir de então a escola seria registrada com esse nome, argumentando a mesma que Princesa Isabel merecia ser homenageada pela sua atitude de assinar leis tão importantes para história do país. Princesa Isabel Filha de D.Pedro II, foi  a responsável pela assinatura da Lei Áurea, que aboliu a escravidão no Brasil, em 13 de maio de 1888. Foi responsável também pela assinatura da Lei do Ventre Livre (1871), que estabeleceu liberdade aos filhos dos escravos a partir daquela data. Mas como diz: Mércio Franklin
A luta não acabou, temos que difundir a ideia da consciência negra na sociedade para que tenhamos um estado tolerante onde prevaleça a igualdade racial, sem preconceitos.
                                                                                                       
É possível que Zulmira Bezerra de Siqueira profunda de conhecimentos e desnudada de preconceitos, quis enaltecer igualmente a Senhora Antônia Neta de Andrade, professora alfabetizadora, dando-lhe oportunidade de ser uma mulher reconhecida pelos seus feitos independente da cor da pele. Já que o preconceito era tão exagerado naquela época.

Anos mais tarde acometida por um grave problema pulmonar, Dona Antônia viaja pela primeira vez a Natal para tratamentos de saúde e dessa viagem não voltou, faleceu em 24 de julho 1969, como seus familiares eram muito pobres não tiveram condições de fazer o translado do seu corpo para sepultamento aqui na nossa cidade, pessoas conhecidas, tomaram conta do velório e a enterraram em um cemitério na capital, deixando seus filhos e demais familiares apenas com lembrança e dor por sua partida. Por um momento, foi como se o mundo tivesse parado, todos ficaram atordoados com o acontecimento.

  Depois disso, seu Olegário Amaro de Andrade viu-se numa situação ainda pior, pois a renda que entrava em casa encurtou e eram muitos filhos para criar sozinho, foi então que numa reunião política Dr. Edgar Montenegro, Astério Barbosa Tinoco e Zulmira Bezerra decidiram ajudar a família Olegário Andrade, passando para sua filha Maria de Lourdes Olegário o cargo de professora, e aos 15 anos, ainda na sua fase adolescente ela começa a desapontar como alfabetizadora na sua humilde casinha de taipa. "Aprendi o ofício com minha mãe, uma mulher que trabalhava dia e noite para sustentar a casa, junto com meu pai." Ao descrever  traços da sua trajetória  ela se emocionou e por instantes parou...O que mais lamento é não ter tido a oportunidade de ver minha mãe pela última vez, tampouco visitar o lugar onde foi enterrada...”
  Em 1971 começa a construção do grupo escolar, próximo a sua residência, mas a instituição foi autorizada a funcionar em 02 de fevereiro de 1972, quando houve a transferência da escola da casa de taipa “Princesa Isabel” para o novo prédio, inaugurado no ano seguinte 1973. O governo da época era Valdemar Campielo Maresco e o seu vice Sr. Manoel Alves do Nascimento. Até a presente data, Infelizmente não sabemos sobre o Decreto de Lei que a instituiu. Essas informações são frutos de relatos orais. Sabemos, portanto que Dona Antônia e Lourdes Olegário, foram às desbravadoras da história, merecem todas as homenagens e de forma justa, também que se registre o aniversário da nossa instituição dia 13 de maio, em menção a essas mulheres que marcaram com caneta de ouro a educação de Carnaubais, em especial da comunidade Entroncamento.
  "É fundamental preservar a memória daqueles que não têm lugar nos manuais de história, salvaguardar os seus testemunhos e depoimentos", disse o filósofo alemão Walter Benjamin (1892-1940), que defendia, como ele próprio chamava, a "história dos vencidos". Ou dos excluídos. Onde mais a experiência de vida e a contribuição para comunidade de duas professoras poderiam ser conhecidas senão entre seus familiares e amigos?

Texto escrito por Josélia Coringa para o PPP da Escola Princesa em outubro de 2014. 
Gestão: Ruan Carlos


                                       

HOJE É DIA DA ESCOLA


sábado, 7 de março de 2015

Sabedoria das matriarcas

Palavras de avó: quando uma mulher estiver triste o melhor a fazer é trançar o seu cabelo


“A minha avó dizia-me que quando uma mulher se sentisse triste, o melhor que podia fazer era entrançar o seu cabelo; de modo que a dor ficasse presa no cabelo e não pudesse atingir o resto do corpo. Havia que ter cuidado para que a tristeza não entrasse nos olhos, porque iria fazer com que chorassem, também não era bom deixar entrar a tristeza nos nossos lábios porque iria forçá-los a dizer coisas que não eram verdadeiras, que também não se metesse nas mãos porque se pode deixar tostar demais o café ou queimar a massa. Porque a tristeza gosta do sabor amargo.
Quando te sintas triste menina- dizia a minha avó- entrança o cabelo, prende a dor na madeixa e deixa escapar o cabelo solto quando o vento do norte sopre com força. O nosso cabelo é uma rede capaz de apanhar tudo, é forte como as raízes do cipreste e suave como a espuma do atole.
Que não te apanhe desprevenida a melancolia minha neta, ainda que tenhas o coração despedaçado ou os ossos frios com alguma ausência. Não deixes que a tristeza entre em ti com o teu cabelo solto, porque ela irá fluir em cascata através dos canais que a lua traçou no teu corpo. Trança a tua tristeza, dizia. Trança sempre a tua tristeza.
E na manhã ao acordar com o canto do pássaro, ele encontrará a tristeza pálida e desvanecida entre o trançar dos teus cabelos…”
Registo da antropóloga Paola Klug
http://www.contioutra.com
Fotografia tirada na Nicarágua por Candelaria Rivera, do ensaio fotográfico: “Amor de Campo”


FELIZ DIA INTERNACIONAL DA MULHER

Canção das mulheres

Que o outro saiba quando estou com medo, e me tome nos braços sem fazer perguntas demais.

Que o outro note quando preciso de silêncio e não vá embora batendo a porta, mas entenda que não o amarei menos porque estou quieta.

Que o outro aceite que me preocupo com ele e não se irrite com minha solicitude, e se ela for excessiva saiba me dizer isso com delicadeza ou bom humor.

Que o outro perceba minha fragilidade e não ria de mim, nem se aproveite disso. 


Que se eu faço uma bobagem o outro goste um pouco mais de mim, porque também preciso poder fazer tolices tantas vezes.

Que se estou apenas cansada o outro não pense logo que estou nervosa, ou doente, ou agressiva, nem diga que reclamo demais.

Que o outro sinta quanto me dói a ideia da perda, e ouse ficar comigo um pouco - em lugar de voltar logo à sua vida.

Que se estou numa fase ruim o outro seja meu cúmplice, mas sem fazer alarde nem dizendo ''Olha que estou tendo muita paciência com você!''

Que quando sem querer eu digo uma coisa bem inadequada diante de mais pessoas, o outro não me exponha nem me ridicularize.

Que se eventualmente perco a paciência, perco a graça e perco a compostura, o outro ainda assim me ache linda e me admire.

Que o outro não me considere sempre disponível, sempre necessariamente compreensiva, mas me aceite quando não estou podendo ser nada disso.

Que, finalmente, o outro entenda que mesmo se às vezes me esforço, não sou, nem devo ser, a mulher-maravilha, mas apenas uma pessoa: vulnerável e forte, incapaz e gloriosa, assustada e audaciosa - uma mulher.

Lya Luft