quinta-feira, 31 de março de 2011

Esquecer é uma necessidade. A vida é uma lousa, em que o destino, para escrever um novo caso, precisa de apagar o caso escrito.

MACHADO DE ASSIS

Águas de Março
Tom Jobim

É pau, é pedra, é o fim do caminho
É um resto de toco, é um pouco sozinho
É um caco de vidro, é a vida, é o sol
É a noite, é a morte, é o laço, é o anzol

É peroba do campo, é o nó da madeira
Caingá, candeia, é o MatitaPereira
É madeira de vento, tombo da ribanceira
É o mistério profundo, é o queira ou não queira

É o vento ventando, é o fim da ladeira

É a viga, é o vão, festa da cumeeira
É a chuva chovendo, é conversa ribeira
Das águas de março, é o fim da canseira

É o pé, é o chão, é a marcha estradeira
Passarinho na mão, pedra de atiradeira
É uma ave no céu, é uma ave no chão
É um regato, é uma fonte, é um pedaço de pão

É o fundo do poço, é o fim do caminho
No rosto o desgosto, é um pouco sozinho
É um estrepe, é um prego, é uma ponta, é um ponto
É um pingo pingando, é uma conta, é um conto

É um peixe, é um gesto, é uma prata brilhando
É a luz da manhã, é o tijolo chegando
É a lenha, é o dia, é o fim da picada
É a garrafa de cana, o estilhaço na estrada

É o projeto da casa, é o corpo na cama
É o carro enguiçado, é a lama, é a lama
É um passo, é uma ponte, é um sapo, é uma rã
É um resto de mato, na luz da manhã

São as águas de março fechando o verão
É a promessa de vida no teu coração

É uma cobra, é um pau, é João, é José
É um espinho na mão, é um corte no pé

São as águas de março fechando o verão,
É a promessa de vida no teu coração

É pau, é pedra, é o fim do caminho
É um resto de toco, é um pouco sozinho
É um passo, é uma ponte, é um sapo, é uma rã
É um belo horizonte, é uma febre terçã

São as águas de março fechando o verão
É a promessa de vida no teu coração
pau, pedra, fim, caminho
resto, toco, pouco, sozinho
caco, vidro, vida, sol, noite, morte, laço, anzol

São as águas de março fechando o verão
É a promessa de vida no teu coração.

quarta-feira, 23 de março de 2011

Eu vou ser contra

"Podem me crucificar, podem reclamar, mas,
se alguns direitos já andam restringidos,
nesse resto de democracia imagino que
a gente possa ao menos tentar se defender,
quando o Estado não nos protege, e votar
do jeito que parecer mais sensato"
Lya Luft

terça-feira, 8 de março de 2011

TOCANDO EM FRENTE





CANÇÃO DAS MULHERES


Que o outro saiba quando estou com medo, e me tome nos braços sem fazer perguntas demais.

Que o outro note quando preciso de silêncio e não vá embora batendo a porta, mas entenda que não o amarei menos porque estou quieta.

Que o outro aceite que me preocupo com ele e não se irrite com minha solicitude, e se ela for excessiva saiba me dizer isso com delicadeza ou bom humor.

Que o outro perceba minha fragilidade e não ria de mim, nem se aproveite disso.

Que se eu faço uma bobagem o outro goste um pouco mais de mim, porque também preciso poder fazer tolices tantas vezes.

Que se estou apenas cansada o outro não pense logo que estou nervosa, ou doente, ou agressiva, nem diga que reclamo demais.

Que o outro sinta quanto me dóia idéia da perda, e ouse ficar comigo um pouco - em lugar de voltar logo à sua vida.

Que se estou numa fase ruim o outro seja meu cúmplice, mas sem fazer alarde nem dizendo ''Olha que estou tendo muita paciência com você!''

Que quando sem querer eu digo uma coisa bem inadequada diante de mais pessoas, o outro não me exponha nem me ridicularize.

Que se eventualmente perco a paciência, perco a graça e perco a compostura, o outro ainda assim me ache linda e me admire.

Que o outro não me considere sempre disponível, sempre necessariamente compreensiva, mas me aceite quando não estou podendo ser nada disso.

Que, finalmente, o outro entenda que mesmo se às vezes me esforço, não sou, nem devo ser, a mulher-maravilha, mas apenas uma pessoa: vulnerável e forte, incapaz e gloriosa, assustada e audaciosa - uma mulher.

Lya Luft

PARABÉNS MULHERES!!!




Mulher...
Tens sete sentidos
Sete chaves de poder
Mulher...
Mística flor, pétala serena
Seiva suave de uma árvore suprema
Indecifrável

Mulher...
Força felina e manhosa
Mulher frágil e poderosa
Sobretudo

Mulher...
Um sopro de vida no mundo
Alma do sonho e da dor
És assim quase perfeita
Perfeita dádiva do Criador...

Imagem: (Meramente ilustrativa)
Autor: (Desconhecido)

segunda-feira, 7 de março de 2011

Quem critica os juros é malandro ou está por fora.

Vemos muita gente criticando,de maneira veemente, a política de elevação de juros por parte do Banco Central como se fosse um escolha do banco e de seus dirigentes a adoção dessa medida com o objetivo de refrear o consumo e a inflação. A malhação do Henrique Meireles e agora do Tombini passou a ser, desse modo, o esporte preferido desses críticos desavisados, teimando essas pessoas, algumas por desinformação, outras por má-fé, em ignorar os reais motivos que têm levado a instituição a praticar uma das mais elevadas taxas de juros do mundo.Me desculpem os que criticam, mas a postura deles lembra a do Lula em oito anos de governo, ou seja, um discurso que é uma profusão de bobagens que soam simpáticas e popularescas para quem ouve, mas que, na realidade, apenas contribuem para mistificar e embaralhar as questões. Se bem que, no caso do Lula, seja preciso registrar que ele gostava de falar abobrinhas, mas não dava murro em ponta de faca. Não senhor, tanto que ele manteve o Meireles à frente do BC, o que foi, com certeza, o que permitiu a ele (des)governar sem grandes sobressaltos. Assim, a meu ver, qualquer pessoa que queira criticar os juros com honestidade de propósito tem que apontar o dedo para a real causa da manutenção de taxas tão elevadas, que é permanência de uma máquina pública inchada, pouco eficiente e extremamente vulnerável à corrupção em todos os seus níveis e em todas suas esferas. Me perdoem os indignados, mas, se não conseguirmos nos organizar para exigir um poder legislativo que seja menos dispendioso e mais produtivo, não podemos falar mal dos juros. Se não temos competência para estabelecer um poder executivo mais eficiente e menos inclinado a rifar cargos públicos entre corruptos que não têm a menor vocação ou preparo para o exercício de suas funções, não podemos nem pensar em reclamar dos juros. Se não temos nem a esperança de contar com um poder judiciário que funcione lembrando ainda que longinquamente os padrões de uma justiça civilizada, temos mais é que rezar em vez de criticar os juros.

José Robson Coringa
SINCAESP

Lideranças querem respaldo político

Integrantes do Ibrahort pedem ajuda de Junji para agilizar a implantação de medidas voltadas ao fortalecimento da horticultura


Nogueira, Coringa, Junji, Abdo e Schmidt: memória de grandes batalhas e esforços pelo fortalecimento do agronegócio

Lideranças agrícolas que integram o Ibrahort – Instituto Brasileiro de Horticultura reuniram-se com o deputado federal Junji Abe (DEM-SP) para pedir respaldo político na implantação de medidas voltadas ao fortalecimento do setor. De âmbito nacional e sem fins lucrativos, a instituição foi criada pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento com o propósito de atuar estrategicamente no desenvolvimento da cadeia produtiva de hortaliças e no estímulo ao agronegócio

Compartilhando a preocupação reinante entre os participantes do Ibrahort, Junji anunciou o início do trabalho para instalação da Frente Parlamentar Mista em Defesa do Segmento de Hortifrutiflorigranjeiros. “De fato, é necessário ter um braço político forte para destravar a implantação de políticas públicas emergenciais. Isto já se faz tarde para um setor tão carente ao longo de décadas”, evidenciou.

A notícia foi recebida com entusiasmo pelo grupo formado por José Robson Coringa Bezerra, presidente do Sincaesp - Sindicato dos Permissionários em Centrais de Abastecimento de Alimentos do Estado de São Paulo; Carlos Schmidt, gerente executivo da Aphortesp – Associação dos Produtores e Distribuidores de Hortifruti do Estado de São Paulo; Renato Augusto Abdo, engenheiro agrônomo e consultor da Consultagro e Eduardo Nogueira, da área de comunicação do Sincaesp.

Leia mais sobre a Frente Parlamentar Mista em Defesa do Segmento de Hortifrutiflorigranjeiros

domingo, 6 de março de 2011

É ISSO AÍ...

Se o amor é fantasia, eu me encontro ultimamente em pleno carnaval.
Vinícius de Moraes

E QUEM SE INTERESSA?


Educação: ela nos interessa?
Sobre educação a gente deve ler Gustavo Ioschpe (também colunista da Revista Veja) e a quem conheci menininho, e refletir até o fim dos tempos.
Envergonhar-se e chorar, ou ter uma derradeira esperança. Eu, em geral otimista, até considerada ingênua, nesse assunto contínuo cética. Basta ver o lugar que ocupamos nas melhores avaliações internacionais, atrás de países nos quais eu nem cogitaria, tratando-se de educação. Estamos abaixo da esmagadora (literalmente) maioria. Não seria preciso a opinião de bons institutos internacionais ou nacionais, está debaixo do nosso nariz, e cheira muito mal: nossa educação está abaixo de qualquer crítica. E pode piorar, pois temos um ensino cada vez mais relaxado, uma autoridade mais inexistente; agora se pensa em não reprovar mais ninguém nos primeiros anos, isto é, vamos lhes mentir que estão aprendendo, como disse uma autoridade em ensino.

Escolas caindo aos pedaços, professores pessimamente pagos, e mal preparados (cadê tempo para ler, estudar, progredir, se todos precisam de algum bico para defender o pão de cada dia?). Sem bibliotecas (ou com elas abandonadas) nem computadores - alguns foram doados, mas não há quem os instale ou os saiba manejar. E o povo não sabe que o melhor modo de subir na escala social é pela educação, que é informação, e formação, é força, é poder. Vai ajudar a tomar decisões mais acertadas, fazer melhores escolhas, conseguir emprego ou subir de cargo, ser mais gente, cuidar melhor de si e dos filhos, alimentar-se melhor, viver melhor. Gostar mais de si mesmo, valorizar-se e ser valorizado. E assim construir um país mais humano, mais digno, mais justo.

Não vejo muitos governos, líderes de verdade querendo um povo educado, isto é, informado. Pois quem se informa, quem sabe das coisas, questiona a situação da sua comunidade, seu estado, seu país. Questiona sua própria condição. Não vai mais querer morar em cima de velhos lixões mal disfarçados, ver seus filhos comendo restos, brincando com água de esgoto, morrendo por falta de cuidados essenciais.

Quem se educa, isto é, pode ler e entender melhor as coisas, não vai mais aguentar calado - distraído com alguns dinheirinhos a mais, estimulado até a comprar o que não poderia, pois não vai conseguir pagar a próxima prestação - que seus velhos não tenham assistência, que a aposentadoria, quando existe, seja de fome, que as crianças morram em corredores de hospital, ou precisem ser levadas horas a fio até o posto de saúde mais próximo - que pode estar fechado por falta de médico ou até de remédios. Nós não somos assim. Não aceitamos morrer de sujeira, doença, fome, falta de assistência, de informação, de dignidade. Quem se informa e sabe das coisas não vai mais achar que a corrupção nos altos escalões é assim mesmo, a política é assim, não tem jeito, "a casa já caiu, temos de nos conformar", como disse um resignado homem numa entrevista.

Um povo educado é como um filho positivamente rebelde que não aceita injustiças, gritos, brutalidade ou humilhações em casa. Um povo educado reclama. Um povo educado elege diferente. Um povo informado - que teve escola, lê jornal, conhece livros, assina sabendo o que está naquele papel, interpreta o que vê na televisão ou escuta no rádio - ambiciona para seus filhos algo mais do que viver na rua e morrer na esquina. A educação nos faz enxergar com outros olhos o que acontece no país e no exterior - sim, pois a gente sabe o que se passa em outros lugares - e sair da resignação mortal para o desejo ativo de que as coisas melhorem. E começa a colaborar para que elas mudem. E vai reclamar de quem mentiu, prometeu e não cumpriu, foi corrupto, ficou impune, pensou em mais poder, e não na sua gente. Assim, devagar, usando de firmeza e inteligência, sem violência, sem agressão, quem se educou vai começar a mudar seu país. E por isso não me importo de repetir, repetir e repetir: a gente pode ser mais feliz. A gente pode ser mais gente. A gente precisa, com urgência, de verdade, que a educação seja prioridade de todos para todos, nesta nossa terra.

Fonte: Revista Veja.

Lya Luft